Mostrar mensagens com a etiqueta Universidade de Coimbra. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Universidade de Coimbra. Mostrar todas as mensagens

domingo, dezembro 02, 2007

Universidade - Património da Humanidade





Nos dias 29 e 30 de Novembro realizou-se no Auditório do Edifício Central da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, localizado seu no Pólo II, o Seminário “Univer(s)cidade – desafios e propostas de uma Candidatura a Património da Humanidade”. Trata-se de uma ideia já defendida desde há largos anos e por um número crescente de defensores. Este evento permitiu desenhar um quadro acerca das ações que será necessário desenvolver no futuro de forma a tentar resolver ou pelo menos minimizar, toda uma série de problemas, muitos deles de longa data, como o mau estado de conservação de diversos edifícios da zona antiga da Alta coimbrã, bem como a progressiva desertificação habitacional do seu centro histórico, muitas vezes maioritariamente habitado por uma decrescente população idosa. Ao falar-se no valor patrimonial da Universidade de Coimbra, é impossível ficar-se confinado a este núcleo de edifícios, dissociando-os da área urbana envolvente. Por outras palavras, a própria cidade de Coimbra no seu todo e as pessoas que nela habitam, ou simplesmente lhe dão vida, estão envolvidas nesta temática, ainda que não sejam diretamente mencionadas.
A pretexto disto, são feitas comparações com outras localidades, tanto em Portugal como no estrangeiro, onde foram ou estão a ser postas em prática políticas concertadas de salvaguarda do seu respectivo património, com especial destaque para a componente arquitetónica mas sem excluir outros elementos envolvidos, fazendo-se uma análise dos resultados entretanto obtidos, com maior ou menor sucesso, e os obstáculos que ainda existirão para ser ultrapassados. Foram referidos exemplos mais ou menos bem sucedidos de reabilitação urbana, nomeadamente nas cidades de Santiago de Compostela e Guimarães, bem como a forma como o desenvolvimento urbano das cidades pode ter alguns efeitos mais ou menos perniciosos para os respectivos centros históricos, tal como tem acontecido em Salvador da Bahia, no Brasil.

domingo, novembro 25, 2007

Igreja de S. Bento - Alta de Coimbra

A Igreja do Colégio de S. Bento, fundado por Fr. Diogo de Murça em 1555 constituía no conjunto de todas as outras antes associadas aos edifícios das Ordens Religiosas uma das mais interessantes. Os seus trabalhos de construção iniciaram-se em 1575 e a sua sagração veio a ter lugar em 19 de Março de 1634. A sua localização era à esquerda de quem hoje sobe a Calçada Martim de Freitas, estando quase encostada a fachada mais visível do Colégio de S. Bento, do lado onde se encontra atualmente a entrada para o Museu de Antropologia. A fachada da Igreja ficava mesmo em frente ao penúltimo (hoje último) arco do Aqueduto de S. Sebastião. À sua direita, começava, algo entalada, entre um gradeamento, instalado já no século XX, e um longo muro que terá pertencido à antiga muralha de Coimbra, a antiga Rua do Arco da Traição, então empedrada e com uma só via possível de circulação. Após a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, o Colégio de S. Bento e a sua Igreja, foram entregues à Universidade de Coimbra, tendo-se perdido muitos dos seus bens, inclusive a sua grande biblioteca. Este edifício, apesar da sua crescente degradação tivera, ao longo de quase 100 anos, várias utilizações interessantes. De assinalar o facto de ter sido utilizada como sala de ensaios do Orfeon Académico e como sala de ginástica dos alunos do Liceu José Falcão, onde dava aulas um certo professor Costa Martins, distinto bibliófilo. Esta igreja fora ainda referenciada em diversas publicações de arte, como é exemplo a Arquitetura da Renascença em Portugal, onde é salientada sua interessante abóbada, pejada de elementos quadrangulares. A sua demolição, já prevista havia algum tempo, iniciou-se em Janeiro de 1932, constituindo-se, segundo a opinião crescente de muitos, um grave atentado ao património de Coimbra, devido ao seu estilo arquitetónico único. Muitos elementos das suas paredes e cantarias, andariam dispersas por vários locais da cidade, tendo sido o último dos quais a cerca do Liceu D. João III. Acabou também por se revelar uma situação premonitória de outra de maior vastidão, a demolição do centro da Velha Alta, cujas destruições começariam daí a 11 anos, na Primavera de 1943. Já em 1932, a eliminação da Igreja de S. Bento, havia levantado vozes de protesto, que foram, aos poucos silenciadas pelas autoridades vigentes, apesar de muitos afirmarem que isso dotaria o Liceu José Falcão, então instalado no Colégio de S. Bento, de uma fachada mais grandiosa e de mais salas bem iluminadas. Apesar de ser uma situação irreversível, a discussão foi-se mantendo acesa a nível de bastidores, nos anos que se seguiriam, tendo levado um novo impulso com as obras da “Cidade Universitária”.

sábado, outubro 13, 2007

Universidade de Coimbra

Nesta fotografia, temos um pouco da vista aérea da zona central da Universidade anterior às demolições da Velha Alta. Estas, grosso modo, iniciaram-se na Primavera de 1943, prolongando-se até 1975, quando ficou concluído o vasto edifício da F.C.T.U.C. Apesar de o essencial deste núcleo central ter sido preservado até os nossos dias, há diversos elementos aqui visíveis entretanto desaparecidos. Da parte do casario observável na zona acima do Paço das Escolas, só resta o grande edifício à direita, que agora alberga a Biblioteca Geral da Universidade. À data da fotografia, estava aqui instalada a Faculdade de Letras. Seria, durante as obras da Cidade Universitária, alvo de transformações que o descaracterizariam por completo. Concluída a sua remodelação, seria aqui inaugurada a já referida Biblioteca Geral da Universidade no ano de 1956, ficando definitivamente aberta ao público a partir de 1962. A abertura desta grande biblioteca, apesar de tudo, ofereceria muito melhores condições de leitura e estudo para os estudantes, para além de mais espaço disponível para o gradual crescimento do seu acervo de documentação e livros. A partir daí, tornava-se completamente dispensável um outro edifício, também aqui visível, na parte inferior da imagem, mais ao centro, entre a Faculdade de Direito e a Biblioteca Joanina. Durante décadas, esta construção rectangular, fora a sala de leitura dos estudantes, para além de, com grande falta de espaço, armazenar o seu espólio no piso inferior e cave. Seria demolida em 1971, expondo diversos vestígios arqueológicos da velha Alcáçova, que ainda são hoje um dos ex-líbris da Universidade de Coimbra. Mais tarde, já neste século, seria aí edificado o actual auditório da Faculdade de Direito. Olhando para o pátio da Universidade, dois importantes detalhes saltam à vista: o seu interessante jardim com árvores, canteiros e bancos e, fechando-o à direita, o Observatório Astronómico. O primeiro, desapareceu gradualmente a partir de 1944, apesar da sua grande importância, tanto a nível estético, como pelas espécies vegetais nele albergadas. O segundo, concluído em 1777, fora não mais do que uma alternativa mais modesta e menos dispendiosa, a um outro projetado para a Reforma Pombalina, cuja construção se havia iniciado em 1772, mas que não passaria do piso térreo. Foi então que se optou por este no Pátio da Universidade, que seria demolido em 1951, quando a actual estátua de D.João III, já se encontrava erigida no local.