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terça-feira, abril 15, 2008

Um couraçado vivo

Um dos animais mais curiosos da actualidade é o tatu ou armadilho, mamífero proveniente da América do Sul. Tem como característica peculiar o facto de se poder enrolar sobre si, quando ameaçado, muito à maneira dos insectos conhecidos como bichos-de-conta. As diversas placas que revestem o topo da sua cabeça e o seu dorso, bem como os anéis que protegem a sua cauda, são designadas como osteodérmicos.

Pertence a um ramo dos mamíferos designado por xenartas ou “desdentados”. Na verdade, estes animais não são desprovidos de dentição. O que acontece é que os seus dentes reduzem-se a duas simples fileiras homogéneas, uma superior e outra inferior, onde não é possível distinguir tipos diferentes de dentes, como normalmente acontece com a maioria dos restantes mamíferos. Incluem-se neste grupo, as actuais preguiças arborícolas.

No entanto, este grupo é dos mais antigos de entre os mamíferos, remontando os seus primeiros fósseis conhecidos ao período Paleoceno, que marcou o início da afirmação dos mamíferos enquanto animais terrestres dominantes. Muitas das ramificações que deram origem aos actuais mamíferos conhecidos, deram-se logo no início deste período geológico, que é o primeiro da era Quaternária. O Paleoceno foi imediatamente precedido pelo período do Cretáceo, em cujo fim se deu a grande e ainda hoje misteriosa extinção dos dinossauros.
Durante o período geológico Pleistoceno, onde surgiram muitas das formas actuais de seres vivos conhecidos, o ramo dos xenartas incluía, pelo menos, mais um parente, este muito próximo do tatu ou armadilho: o gliptodonte. Tal como o seu parente sobrevivente, este animal ainda mais peculiar, vivia na América do Sul. No entanto, o maior tatu actualmente existente parece bem minúsculo, em comparação com este animal algo parecido com uma tartaruga terrestre.

A maior parte do seu imenso corpo era protegido por uma pesada couraça semelhante a uma cúpula. Ao contrário do tatu, não se enrolava sobre si mesmo por esta pesada carapaça ser um bloco único, apesar de ter o topo da sua cabeça igualmente protegida. A sua cauda, também completamente revestida, era uma importante arma de defesa. Toda esta poderosa armadura era sustentada por patas curtas e robustas, cujos dedos terminavam em sólidos cascos. Como é fácil presumir, este animal era de locomoção lenta e, devido a isso, nunca atacava por iniciativa própria, permanecendo sempre na defensiva.

Os seus vestígios que até nós chegaram, referem que não existia apenas uma espécie de gliptodonte. Havia uma maior de todas, que media perto de 4 metros de comprimento e a sua cauda terminava num aglomerado de espinhos acerados, que fazia lembrar as maças dos antigos guerreiros medievais. Havia outra que, em termos de comprimento, media à volta de 2 metros, apesar da sua carapaça ser a maior em termos de altura. A sua cauda, simplesmente protegida por anéis e alguns tubérculos, dava-lhe um aspecto menos ameaçador do que a anterior. No meio destas duas espécies conhecidas, havia uma outra com um comprimento que podia ultrapassar os 3 metros de comprimento, mas que tinha a cauda completamente revestida de espinhos. Esta espécie foi, segundo alguns estudos, a representante final destes mamíferos antes da sua extinção.

Este animal, pelas suas dimensões e silhueta, fazia lembrar um automóvel Wolkswagen clássico. Devido a toda a sua armadura óssea, estava, logo à partida, protegido dos ataques de grande parte dos predadores então existentes. Estes, só o podiam atingir caso fossem bem sucedidos quanto a virá-los de pernas para o ar, podendo, desta forma, expor as partes mais frágeis do seu corpo. Esta sua profusa defesa óssea, associada às grandes dimensões, trazia-lhe a grande desvantagem da lentidão ao deslocar-se.

Presume-se que, avaliando pela época dos seus vestígios encontrados, este animal ainda tivesse sido contemporâneo dos primeiros homens, mas, o que é certo, é que, dada a longa conservação das suas partes ósseas, em especial da couraça principal, estas tenham sido aproveitadas por aqueles. Quando o tempo era inclemente, as suas carapaças seriam usadas como abrigo mais ou menos temporário, como se prova pela existência de vestígios de fogueiras no seu interior. Admitindo que o Homem moderno tenha sido contemporâneo destes “carros de assalto” vivos, é muito provável que tenha sido o seu predador mais bem sucedido, dado que, evitando as suas mortíferas caudas, bastaria virá-los de ventre para cima para os caçar. De qualquer forma, não é possível comprovar se os primeiros seres humanos existentes tivessem tido alguma responsabilidade na sua misteriosa extinção.

terça-feira, abril 08, 2008

O maior anfíbio de sempre

O Eryops constituía, no campo dos anfíbios, o topo da cadeia alimentar. Era um predador carnívoro muito voraz, embora de lenta locomoção em terra, mas um caçador muito ágil e temível dentro de água. Foi, decerto, o maior anfíbio que sempre existiu sobre a Terra. Era o verdadeiro símbolo de um período em que os anfíbios dominavam a superfície terrestre e representava um ponto máximo em termos de evolução.

Desenvolvera um crânio sólido e de grandes dimensões, com umas mandíbulas poderosas e só hoje comparáveis aos maiores crocodilos. As suas patas eram curtas, mas fortemente robustas e faziam do Eryops um nadador tão eficiente como as outras criaturas aquáticas. A sua pele tornou-se dura e quase couraçada, a ponto de lhe permitir percorrer grandes distâncias em terra sem precisar de temer a desidratação.

De qualquer forma, dependia grandemente da existência de cursos de água próximos para se poder reproduzir e desenvolver. Isto porque os seus ovos eram apenas envolvidos por uma leve e quase transparente película que facilmente ressequia fora de água. Para além disto, tal como ainda hoje acontece com os anfíbios conhecidos, tinha uma existência totalmente aquática até atingir o estado adulto, quando já estaria capacitado para se aventurar em terra firme.

Apesar de tudo os exemplares existentes, no seu estado adulto, podiam ultrapassar os 2,50 metros e quase não tinham predadores a temer. Neste caso, a excepção poder-se-ia abrir para um ou outro peixe carnívoro de maiores dimensões, mas o facto de ele passar longos períodos tanto em terra como em zonas pantanosas, onde aqueles não podiam penetrar, tornava estes encontros letais algo esporádicos.

A determinada altura, sobretudo nas fases finais do período Permiano, havia também que contar com o número crescente de répteis primitivos, tendo alguns atingido já então dimensões consideráveis e podendo constituir um perigo para o próprio Eryops. Entre estes últimos, encontrava-se o Dimetrodon, pertencente a um ramo extremamente avançado dos répteis, dotado de uma capacidade de retenção de calor e que, desta forma, anunciava já os futuros mamíferos. Deslocava-se agilmente nas suas quatro patas e tinha como característica mais notável a enorme “vela” sobre o dorso. Devido ao facto de estar mais bem equipado para viver e deslocar-se em terra firme, constituía um predador temível para os, então ainda predominantes, anfíbios que se deslocavam muito lentamente fora da água. Por outro lado, tal como acontecia com os restantes répteis, era muito maior a sua capacidade para percorrer longas distâncias e mesmo os seus ovos não precisavam de ser postos na água para a sua gestação, por já serem providos de uma sólida casca, o que lhes permitiria resistir sem problemas aos maiores períodos de seca.

Devido a esta crescente proliferação de répteis cada vez mais sofisticados e versáteis, associada a períodos cada vez mais longos de seca e altas temperaturas, o Eryops foi perdendo o seu domínio até se extinguir no final do período Permiano. A partir daqui, os anfíbios, até então senhores da Terra, foram definitivamente suplantados pelos emergentes répteis.

segunda-feira, março 03, 2008

Tigre da Tasmânia ou lobo da Tasmânia - Um animal extinto (ou não?)

Este animal era conhecido tanto por "lobo da Tasmânia" como por "tigre da Tasmânia". Estes nomes deviam-se, no caso do primeiro, à sua leve semelhança com um canídeo selvagem e, no caso do segundo, às riscas existentes na maior parte do seu dorso e da tonalidade do pêlo não muito diferente da do tigre verdadeiro. Mas as comparações com aqueles dois carnívoros ficavam por aqui, pois este animal não tinha qualquer parentesco com eles.
O "tigre da Tasmânia" era um marsupial carnívoro, autóctone, claro está, da Tasmânia, que é uma vasta ilha a Sul da Austrália. Desta forma, só tinha um muito distante parentesco com os outros marsupiais existentes por estas coordenadas, entre os quais se encontram os cangurus, os vombates e os qualas. Era um animal que caçava preferencialmente depois do anoitecer, sendo, pelo contrário, algo esquivo durante a luz do dia. Tinha a característica de ser um predador bastante voraz e a particularidade, algo engraçada, de conseguir abrir as suas mandíbulas num ângulo muito superior à maioria dos outros carnívoros actualmente conhecidos.
Devido ao facto de caçar pela calada e ter estado implicado nos ataques a diversos animais de criação introduzidos nessas terras pelos colonizadores, foi considerado danoso para a economia local e encarado como um alvo a abater. Tarde demais, descobriu-se que esta culpa exclusiva era, muitas vezes, atribuída, injustamente, ao "tigre da Tasmânia". Na verdade, existiam também outros predadores implicados na morte e desaparecimento de galináceos e gado ovino, em especial o "dingo", este um descendente selvagem dos cães domésticos.
Dingo.

Foi vítima, entre o fim do século XIX e o princípio do século XX, de perseguições indiscriminadas e implacáveis por parte sobretudo de fazendeiros, criadores de gado e grandes proprietários. Para agravar as coisas, muitos deles foram incentivados, pelos governos centrais e locais, com a possibilidade de receberem prémios avultados por cada exemplar morto, inclusive se se tratasse de ninhadas completas. Há registos fotográficos, alguns revelando requintes de crueldade, onde surgem esses caçadores mostrando, com orgulho desmedido, os exemplares mortos, tanto com o fim de receberem o dinheiro prometido, como de mostrarem alguma valentia e ousadia.

Esta visão do “tigre da Tasmânia” como uma praga a combater até ao extermínio, perdurou, mesmo à revelia de recomendações oficiais em sentido contrário, até à década de 1930. Nesta altura, o essencial dos “tigres da Tasmânia” que existiam vivos, praticamente só eram vistos em cativeiro.
A maioria destes agora raros exemplares acabaria por ir morrendo aos poucos, por vezes devido a doenças contraídas, quer durante o transporte, quer já no próprio cativeiro, quando não à simples negligência dos respectivos tratadores.
O último exemplar conhecido vivo sobreviveu vários anos num jardim zoológico em Hobart, na Tasmânia. Acabou por ficar conhecido pelo nome de “Benjamin” e constitui o protagonista de quase todos os poucos filmes que chegaram até nós deste animal peculiar. Ainda hoje, não se sabe ao certo se este animal era macho ou fêmea. Acabaria por morrer em 7 de Setembro de 1936, marcando esta data, segundo se presume, o momento da extinção de mais esta espécie animal.
Oficialmente, este animal encontra-se extinto, embora tenham surgido, de tempos a tempos, relatos não confirmados de ter sido visto um ou outro exemplar. No entanto, nunca foi comprovada a sua veracidade, supondo-se mesmo tratarem-se de boatos e encenações. Nalguns casos, as supostas testemunhas chegaram a tirar fotografias, mas aquilo que era possível visionar ou não seria suficientemente elucidativo ou tinha muitos contornos de montagem. Mesmo assim o mistério mantém-se aceso. A proliferação destes relatos pouco verosímeis resulta, em grande parte, de uma promessa de recompensa monetária importante, para quem conseguir localizar ou, melhor ainda, capturar um exemplar vivo e em bom estado. Acontece que, dada a natureza comportamental deste animal, só uma equipe devidamente apetrechada conseguiria fazer uma captura dentro dos requisitos exigidos. Houve o caso de alguns caçadores de prémios pretenderem recorrer ao método mais simples de captura, a armadilha, o que, devido aos óbvios danos físicos que isto causaria aos animais, foi expressamente proibido nas zonas onde estes pudessem ser encontrados. Desta forma, a existência actual, ou não, do “tigre da Tasmânia” continua a ser um assunto em aberto. 
Outra forma de tentar fazer renascer este animal supostamente extinto, segundo alguns especialistas em genética, seria através da clonagem, recorrendo a material de ADN proveniente de diversos exemplares conservados em muitos museus de História Natural existentes no mundo. Chegou mesmo, há poucos anos, a ser constituída uma equipa de trabalho, cuja missão é trazer de novo à vida o “lobo da Tasmânia”. Recorrer-se-ia à clonagem dos materiais genéticos recolhidos, tal como já havia sido feito, com algum sucesso, com a famosa ovelha “Dolly”. O exemplar utilizado como ponto de partida foi um feto relativamente bem conservado. Após algumas paragens momentâneas, este complexíssimo processo ainda está em curso. No entanto, os detratores desta ambiciosa missão, referem, com algum conhecimento de causa, que o DNA disponível se encontra em muito mau estado devido, entre outros aspectos, ao longo tempo decorrido desde a morte do exemplar escolhido. Mesmo assim, devido aos fabulosos progressos que têm sido conseguidos no campo da clonagem e da engenharia genética, é de supor, até certo ponto, uma possibilidade de sucesso.