terça-feira, abril 01, 2008

Um jogo lógico de acasos

Há situações em que genes perfeitos podem resultar na morte de um novo ser, devido apenas à forma como surgem combinados. Todos os seres vivos possuem uma determinada porção de genes dominantes e recessivos. Relativamente às mais variadas características, por exemplo, no que se refere ao seu fenótipo ou aspecto exterior e ao seu comportamento. Estes podem surgir em homozigose (combinação de genes idênticos) ou em heterozigose (combinação de genes distintos). Para melhor se exemplificar isto, basta olhar para a figura embaixo.

Temos dois progenitores, pertencentes a uma certa espécie de rato de pelagem amarela, em que ambos, no que respeita à cor do seu pêlo, possuem um gene dominante e um recessivo. O dominante (Ay) é o que produz a cor amarela e o recessivo (a) produz outra cor não-amarela, neste caso, o preto ou cinzento-escuro. São por isso, no que respeita à cor da sua pelagem, heterozigóticos (Ay a). O gene recessivo (a) nunca se manifestaria em heterozigose nestes dois exemplares, mas continuará sempre presente nas gerações futuras.

Ao acasalarem, estes dois exemplares podem gerar uma prole numericamente variável, em que se esperarão outros novos exemplares em que a combinação dos genes da cor do pelo surge em heterozigose (Ay a), ou seja, semelhantes aos progenitores. No entanto, é de esperar que entre essa prole surjam alguns, em que a combinação dos genes tenda para a homozigose (a a). No exemplo tomado como referência, estes elementos da ninhada surgem com uma cor de pelagem diferente, neste caso, escura. Aparentemente, parecem não ter nada que ver com os respectivos progenitores, mas o que na verdade aconteceu foi uma combinação do gene recessivo em homozigose. Aliás, quase só em homozigose se poderão manifestar os genes recessivos. No entanto, a combinação de genes, tanto recessivos como dominantes em homozigose, pode inviabilizar o desenvolvimento de novos seres.

No caso aqui exemplificado, isto acontece com o gene dominante que produz a cor da pelagem amarela. Se este surgir em homozigose (Ay Ay), será uma combinação letal. Desta forma, em diversas experiências laboratoriais, verificou-se a morte de diversos exemplares, muitos deles na fase ainda embrionária. Curiosamente, quando se combinavam progenitores com um esquema genético diferente, ou seja, um heterozigótico (Ay a) e o outro homozigótico (a a), as ninhadas resultantes eram aproximadamente 25% mais numerosas, do que no caso acima exemplificado.

A razão aqui talvez se devesse ao facto de terem surgido mais descendentes com os genes dominante (Ay) e recessivo (a) combinados em heterozigose (Ay a) e também um número mais vasto de espécimes com o gene recessivo em homozigose (a a). Paralelamente, ocorreriam menos casos de homozigose do gene dominante da cor amarela (Ay Ay), o que significaria menos mortes durante a fase de gestação e, em consequência, ninhadas maiores.

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