Fez no dia 5 de Dezembro de 2007 um ano que o Museu da Ciência foi oficialmente inaugurado em Coimbra. Neste espaço de tempo, este museu revelou-se uma instituição que há muito tempo fazia falta nesta cidade. Trata-se verdadeiramente de um museu dos novos tempos, pelo menos no que se refere aos requisitos hoje que devem ser atribuídos a uma instituição museológica científica.
Na sua grande sala de exposições o visitante observa de perto e quase que vive algumas das múltiplas facetas do vasto mundo da investigação científica, desde os mistérios da Natureza desvendados ao longo de séculos de investigação até aos produtos dessa mesma investigação e o impacto que terão exercido nos progressos da Humanidade, sem esquecer as “ferramentas” a que foi necessário recorrer para executar essa investigação e ser (mais ou menos) bem sucedido. Neste último aspecto, entra também uma outra faceta desta instituição, onde o elemento museológico é reforçado. Trata-se do vasto espólio de materiais de laboratório e de experimentação, alguns deles com vários séculos de História e de diversas proveniências.
Associado a isto, vale a pena referir que, apesar da grande tónica colocada na experimentação, o elemento teórico que ajuda o visitante a compreender melhor o que tem à sua frente, não foi descurado, como é bem visível na informação detalhada mas sucinta que é possível obter junto aos diversos elementos em exposição.
Por outro lado, é preciso não esquecer o espaço em que se insere este Museu da Ciência. O próprio edifício é um elemento museológico. É um dos não muitos frequentes exemplos de situação de espaço que não se construiu de raiz para o efeito, mas que surge plenamente vocacionado para as novas funções. Trata-se do antigo Laboratório Químico da Universidade de Coimbra da Reforma Pombalina, cujo edifício foi desenhado por William Elsden, arquitecto inglês muito cotado na época. Foi construído de raiz sob o espaço antes ocupado pelas cozinhas e refeitório do antigo Colégio das Onze Mil Virgens, pertencente aos Jesuítas que haviam então sido despojados dos seus bens por iniciativa do Marquês de Pombal.
Durante os seus mais de 200 anos de utilização, este edifício foi sujeito aqui e ali a alguns acrescentos, tanto a nível do espaço circundante como do seu interior. No entanto, o essencial do Laboratório, permaneceu sempre fiel à sua construção original.
Devido ao seu crescente estado de degradação, o velho Laboratório Químico, foi encerrado há uns anos atrás, tendo ficado mais ou menos ao abandono, até ser posto em prática o projecto de o converter no actual Museu da Ciência.
Durante os mais de dois anos em que decorreram as obras, foram feitas algumas descobertas curiosas provenientes do período anterior à construção do Laboratório, as quais, de alguma forma, protelaram a conclusão prevista do projecto e obrigaram mesmo a reformulações do projecto inicial. Entre estas, destacam-se vestígios dos subterrâneos de antigas secções do antigo Colégio dos Jesuítas, nomeadamente as cozinhas e o refeitório, e elementos arquitectónicos que foram integrados no novo edifício, sobretudo paredes, sem esquecer os restos de utensílios e louças, muito provavelmente antes pertencentes ao espólio da desaparecida instituição religiosa.
Desta forma, para além dos objectos científicos, o visitante é presenteado com uma outra exposição permanente relativa à história tanto do Laboratório Químico, como daquilo que o antecedeu neste local, complementada por diversas fotografias e desenhos relativos às várias fases da sua conversão em Museu da Ciência. Estes elementos, reunidos e estudados ao pormenor, reforçam o valor patrimonial de todo este espaço e colocam questões e enigmas que não são mais do que o ponto de partida para novas investigações acerca da história deste espaço.
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