Os "Love" em 1965-1966. Da esquerda para a direita, de baixo para cima, Alban "Snoopy" Pfisterer, Arthur Lee, Ken Forssi, Bryan MacLean e Johnny Echols. |
Como resultado de diversas sessões de gravação ocorridas logo no começo de 1966, os “Love” lançariam o seu primeiro LP homónimo em Abril seguinte. O seu resultado de vendas revelar-se-ia um tanto quanto frustrante relativamente às suas expectativas. No entanto, estava longe de se considerar desastroso, visto que foi graças a este primeiro registo discográfico “oficial” que eles ficariam a ser efectivamente conhecidos e começariam a ganhar uma base de fãs e seguidores convictos, onde ponteavam alguns artistas que, pouco tempo depois se tornariam nomes incontornáveis da história da música. Basta referir Jim Morrison dos “Doors”, Syd Barrett que seria o líder fundador dos “Pink Floyd” e mesmo Robert Plant, futuro vocalista dos “Led Zeppelin”. Apesar de não ter então atingido os lugares cimeiros dos “Hit Parades”, a crítica musical de ambos os lados do Atlântico, tinha-os em elevada conta.
Para além disto, haviam desde logo sido solicitados para actuar ao vivo, o que eles próprios achavam indispensável para se darem a conhecer a um público mais vasto. Foi exactamente nestes espectáculos ao vivo que eles começariam a tomar consciência do efeito que produziam nas suas audiências. De facto, após alguma breve insegurança, os “Love” revelavam-se em palco um grupo surpreendente e quase único, com a figura algo excêntrica do seu líder Arthur Lee a concentrar as atenções. Isto ajudá-los-ia a relativizar a venda pouco expressiva dos seus discos e a ganharem a confiança necessária para seguirem em frente e ousarem novos passos futuros, no sentido de explorar e aperfeiçoar o seu som. Um destes passos ousados seria o tema “Seven & Seven Is”. Arthur Lee, contou que a letra básica deste tema ocorreu-lhe de repente, ao acordar numa manhã em que o resto dos outros membros da banda ainda dormiam. Aliás, por diversas vezes ele afirmaria que muitas das canções que ele compunha surgiam-lhe em sonhos. Neste caso, a letra tinha uma inspiração quase autobiográfica e estava muito longe de ser alegre. Lido sem o acompanhamento musical, os versos são fortemente pessimistas e deprimentes, como que retratando um passado a que não se quisesse regressar. No que respeita à parte musical, este tema foi um exemplo de transformação absolutamente radical, só possível de conseguir com a capacidade criativa levada ao limite.
De facto, a versão inicial deste tema consistia numa lenta balada “folk” e num estilo muito “à Bob Dylan”, aparentemente sem nada que a salientasse, com um sabor entre o depressivo e o soturno. Acontece que ao ensaiá-la com os outros elementos da banda, novas ideias começaram a fluir. Outro membro dos “Love”, Johnny Echols, afirmou que a banda atravessava uma fase onde o experimentalismo era uma moeda corrente e surgiu, desde logo, uma vontade de não se ficar cingido ao esquema básico que constituía a versão inicial de “Seven & Seven Is”. O tema era um retrato de uma realidade deprimente, por baixo da qual se distinguiam laivos de grande tensão, mesmo raiva, onde o trágico ameaçava eclodir a qualquer momento. O passo de gigante foi precisamente experimentar inverter todos os elementos deste quadro. O resultado ficou verdadeiramente irreconhecível, em comparação com a ideia inicial, mas muito mais chamativo e algo pouco usual para o que se fazia então (1966). Assim, de um projecto de tema depressivo e melancolicamente lento, surgiu uma verdadeira "cavalgada rock" onde toda a raiva e a tensão surgiam como as principais forças motrizes de um tema coroado pela tragédia. “Seven & Seven Is” seria o tema mais violento que os “Love” tinham gravado até então. As sessões de gravação ocorreram na segunda metade de Junho desse ano (1966), tendo o público tomado definitivamente conhecimento do respectivo “single”, mais ou menos um mês depois. Seria também o maior êxito discográfico dos “Love”. Houve quem considerasse, pela fúria com que era tocado e cantado, o primeiro tema verdadeiramente “punk”, da história da música.
Para além disto, haviam desde logo sido solicitados para actuar ao vivo, o que eles próprios achavam indispensável para se darem a conhecer a um público mais vasto. Foi exactamente nestes espectáculos ao vivo que eles começariam a tomar consciência do efeito que produziam nas suas audiências. De facto, após alguma breve insegurança, os “Love” revelavam-se em palco um grupo surpreendente e quase único, com a figura algo excêntrica do seu líder Arthur Lee a concentrar as atenções. Isto ajudá-los-ia a relativizar a venda pouco expressiva dos seus discos e a ganharem a confiança necessária para seguirem em frente e ousarem novos passos futuros, no sentido de explorar e aperfeiçoar o seu som. Um destes passos ousados seria o tema “Seven & Seven Is”. Arthur Lee, contou que a letra básica deste tema ocorreu-lhe de repente, ao acordar numa manhã em que o resto dos outros membros da banda ainda dormiam. Aliás, por diversas vezes ele afirmaria que muitas das canções que ele compunha surgiam-lhe em sonhos. Neste caso, a letra tinha uma inspiração quase autobiográfica e estava muito longe de ser alegre. Lido sem o acompanhamento musical, os versos são fortemente pessimistas e deprimentes, como que retratando um passado a que não se quisesse regressar. No que respeita à parte musical, este tema foi um exemplo de transformação absolutamente radical, só possível de conseguir com a capacidade criativa levada ao limite.
De facto, a versão inicial deste tema consistia numa lenta balada “folk” e num estilo muito “à Bob Dylan”, aparentemente sem nada que a salientasse, com um sabor entre o depressivo e o soturno. Acontece que ao ensaiá-la com os outros elementos da banda, novas ideias começaram a fluir. Outro membro dos “Love”, Johnny Echols, afirmou que a banda atravessava uma fase onde o experimentalismo era uma moeda corrente e surgiu, desde logo, uma vontade de não se ficar cingido ao esquema básico que constituía a versão inicial de “Seven & Seven Is”. O tema era um retrato de uma realidade deprimente, por baixo da qual se distinguiam laivos de grande tensão, mesmo raiva, onde o trágico ameaçava eclodir a qualquer momento. O passo de gigante foi precisamente experimentar inverter todos os elementos deste quadro. O resultado ficou verdadeiramente irreconhecível, em comparação com a ideia inicial, mas muito mais chamativo e algo pouco usual para o que se fazia então (1966). Assim, de um projecto de tema depressivo e melancolicamente lento, surgiu uma verdadeira "cavalgada rock" onde toda a raiva e a tensão surgiam como as principais forças motrizes de um tema coroado pela tragédia. “Seven & Seven Is” seria o tema mais violento que os “Love” tinham gravado até então. As sessões de gravação ocorreram na segunda metade de Junho desse ano (1966), tendo o público tomado definitivamente conhecimento do respectivo “single”, mais ou menos um mês depois. Seria também o maior êxito discográfico dos “Love”. Houve quem considerasse, pela fúria com que era tocado e cantado, o primeiro tema verdadeiramente “punk”, da história da música.
E agora, o mais importante...
Love - 7 And 7 Is... (1966-1967).
Outro elemento inovador em destaque neste tema, é o som estranho e grave de um "ronco" musical, gerado pelo efeito de "glissando" no baixo elétrico de Ken Forssi (o primeiro na imagem, em baixo, à esquerda).
De referir que a formação que se vê na primeira imagem, não é exatamente a que gravou este tema. É antes a da segunda imagem. Aquela formação (primeira imagem) é a do tempo do seu incontornável e emblemático álbum "Forever Changes"(1967). Aqui já estava presente o baterista Michael Stuart (em baixo, ao centro). Na formação, de 1966, que gravou o tema "Seven & Seven Is...", o baterista era Alban "Snoopy" Pfisterer que, por sinal, não era um baterista de raiz e, com a chegada de Michael Stuart, transitaria para os teclados onde, afinal, ele era exímio e tinha recebido formação clássica... Para um músico que não tinha formação nem treino de baterista, a sua prestação em "7 & 7 Is..." é ainda mais memorável!!! Em entrevistas posteriores, ele frequentemente recordaria a dificuldade e a dureza que foi executar a bateria em "Seven & Seven Is..."... Mesmo para bateristas experientes, é um tema muito exigente!
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