segunda-feira, março 03, 2008

Tigre da Tasmânia ou lobo da Tasmânia - Um animal extinto (ou não?)

Este animal era conhecido tanto por "lobo da Tasmânia" como por "tigre da Tasmânia". Estes nomes deviam-se, no caso do primeiro, à sua leve semelhança com um canídeo selvagem e, no caso do segundo, às riscas existentes na maior parte do seu dorso e da tonalidade do pêlo não muito diferente da do tigre verdadeiro. Mas as comparações com aqueles dois carnívoros ficavam por aqui, pois este animal não tinha qualquer parentesco com eles.
O "tigre da Tasmânia" era um marsupial carnívoro, autóctone, claro está, da Tasmânia, que é uma vasta ilha a Sul da Austrália. Desta forma, só tinha um muito distante parentesco com os outros marsupiais existentes por estas coordenadas, entre os quais se encontram os cangurus, os vombates e os qualas. Era um animal que caçava preferencialmente depois do anoitecer, sendo, pelo contrário, algo esquivo durante a luz do dia. Tinha a característica de ser um predador bastante voraz e a particularidade, algo engraçada, de conseguir abrir as suas mandíbulas num ângulo muito superior à maioria dos outros carnívoros actualmente conhecidos.
Devido ao facto de caçar pela calada e ter estado implicado nos ataques a diversos animais de criação introduzidos nessas terras pelos colonizadores, foi considerado danoso para a economia local e encarado como um alvo a abater. Tarde demais, descobriu-se que esta culpa exclusiva era, muitas vezes, atribuída, injustamente, ao "tigre da Tasmânia". Na verdade, existiam também outros predadores implicados na morte e desaparecimento de galináceos e gado ovino, em especial o "dingo", este um descendente selvagem dos cães domésticos.
Dingo.

Foi vítima, entre o fim do século XIX e o princípio do século XX, de perseguições indiscriminadas e implacáveis por parte sobretudo de fazendeiros, criadores de gado e grandes proprietários. Para agravar as coisas, muitos deles foram incentivados, pelos governos centrais e locais, com a possibilidade de receberem prémios avultados por cada exemplar morto, inclusive se se tratasse de ninhadas completas. Há registos fotográficos, alguns revelando requintes de crueldade, onde surgem esses caçadores mostrando, com orgulho desmedido, os exemplares mortos, tanto com o fim de receberem o dinheiro prometido, como de mostrarem alguma valentia e ousadia.

Esta visão do “tigre da Tasmânia” como uma praga a combater até ao extermínio, perdurou, mesmo à revelia de recomendações oficiais em sentido contrário, até à década de 1930. Nesta altura, o essencial dos “tigres da Tasmânia” que existiam vivos, praticamente só eram vistos em cativeiro.
A maioria destes agora raros exemplares acabaria por ir morrendo aos poucos, por vezes devido a doenças contraídas, quer durante o transporte, quer já no próprio cativeiro, quando não à simples negligência dos respectivos tratadores.
O último exemplar conhecido vivo sobreviveu vários anos num jardim zoológico em Hobart, na Tasmânia. Acabou por ficar conhecido pelo nome de “Benjamin” e constitui o protagonista de quase todos os poucos filmes que chegaram até nós deste animal peculiar. Ainda hoje, não se sabe ao certo se este animal era macho ou fêmea. Acabaria por morrer em 7 de Setembro de 1936, marcando esta data, segundo se presume, o momento da extinção de mais esta espécie animal.
Oficialmente, este animal encontra-se extinto, embora tenham surgido, de tempos a tempos, relatos não confirmados de ter sido visto um ou outro exemplar. No entanto, nunca foi comprovada a sua veracidade, supondo-se mesmo tratarem-se de boatos e encenações. Nalguns casos, as supostas testemunhas chegaram a tirar fotografias, mas aquilo que era possível visionar ou não seria suficientemente elucidativo ou tinha muitos contornos de montagem. Mesmo assim o mistério mantém-se aceso. A proliferação destes relatos pouco verosímeis resulta, em grande parte, de uma promessa de recompensa monetária importante, para quem conseguir localizar ou, melhor ainda, capturar um exemplar vivo e em bom estado. Acontece que, dada a natureza comportamental deste animal, só uma equipe devidamente apetrechada conseguiria fazer uma captura dentro dos requisitos exigidos. Houve o caso de alguns caçadores de prémios pretenderem recorrer ao método mais simples de captura, a armadilha, o que, devido aos óbvios danos físicos que isto causaria aos animais, foi expressamente proibido nas zonas onde estes pudessem ser encontrados. Desta forma, a existência actual, ou não, do “tigre da Tasmânia” continua a ser um assunto em aberto. 
Outra forma de tentar fazer renascer este animal supostamente extinto, segundo alguns especialistas em genética, seria através da clonagem, recorrendo a material de ADN proveniente de diversos exemplares conservados em muitos museus de História Natural existentes no mundo. Chegou mesmo, há poucos anos, a ser constituída uma equipa de trabalho, cuja missão é trazer de novo à vida o “lobo da Tasmânia”. Recorrer-se-ia à clonagem dos materiais genéticos recolhidos, tal como já havia sido feito, com algum sucesso, com a famosa ovelha “Dolly”. O exemplar utilizado como ponto de partida foi um feto relativamente bem conservado. Após algumas paragens momentâneas, este complexíssimo processo ainda está em curso. No entanto, os detratores desta ambiciosa missão, referem, com algum conhecimento de causa, que o DNA disponível se encontra em muito mau estado devido, entre outros aspectos, ao longo tempo decorrido desde a morte do exemplar escolhido. Mesmo assim, devido aos fabulosos progressos que têm sido conseguidos no campo da clonagem e da engenharia genética, é de supor, até certo ponto, uma possibilidade de sucesso.

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