A Igreja do Colégio de S. Bento, fundado por Fr. Diogo de Murça em 1555 constituía no conjunto de todas as outras antes associadas aos edifícios das Ordens Religiosas uma das mais interessantes. Os seus trabalhos de construção iniciaram-se em 1575 e a sua sagração veio a ter lugar em 19 de Março de 1634. A sua localização era à esquerda de quem hoje sobe a Calçada Martim de Freitas, estando quase encostada a fachada mais visível do Colégio de S. Bento, do lado onde se encontra atualmente a entrada para o Museu de Antropologia. A fachada da Igreja ficava mesmo em frente ao penúltimo (hoje último) arco do Aqueduto de S. Sebastião. À sua direita, começava, algo entalada, entre um gradeamento, instalado já no século XX, e um longo muro que terá pertencido à antiga muralha de Coimbra, a antiga Rua do Arco da Traição, então empedrada e com uma só via possível de circulação.
Após a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, o Colégio de S. Bento e a sua Igreja, foram entregues à Universidade de Coimbra, tendo-se perdido muitos dos seus bens, inclusive a sua grande biblioteca.
Este edifício, apesar da sua crescente degradação tivera, ao longo de quase 100 anos, várias utilizações interessantes. De assinalar o facto de ter sido utilizada como sala de ensaios do Orfeon Académico e como sala de ginástica dos alunos do Liceu José Falcão, onde dava aulas um certo professor Costa Martins, distinto bibliófilo. Esta igreja fora ainda referenciada em diversas publicações de arte, como é exemplo a Arquitetura da Renascença em Portugal, onde é salientada sua interessante abóbada, pejada de elementos quadrangulares.
A sua demolição, já prevista havia algum tempo, iniciou-se em Janeiro de 1932, constituindo-se, segundo a opinião crescente de muitos, um grave atentado ao património de Coimbra, devido ao seu estilo arquitetónico único. Muitos elementos das suas paredes e cantarias, andariam dispersas por vários locais da cidade, tendo sido o último dos quais a cerca do Liceu D. João III. Acabou também por se revelar uma situação premonitória de outra de maior vastidão, a demolição do centro da Velha Alta, cujas destruições começariam daí a 11 anos, na Primavera de 1943. Já em 1932, a eliminação da Igreja de S. Bento, havia levantado vozes de protesto, que foram, aos poucos silenciadas pelas autoridades vigentes, apesar de muitos afirmarem que isso dotaria o Liceu José Falcão, então instalado no Colégio de S. Bento, de uma fachada mais grandiosa e de mais salas bem iluminadas. Apesar de ser uma situação irreversível, a discussão foi-se mantendo acesa a nível de bastidores, nos anos que se seguiriam, tendo levado um novo impulso com as obras da “Cidade Universitária”.
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