Nestas duas fotografias temos dois exemplos muito expressivos das grandes transformações que Coimbra foi sofrendo ao longo dos anos. Estas duas imagens, em concreto, reportam-se à primeira metade dos anos 50, um dos períodos em que a cidade foi sujeita a profundas obras que em muito contribuiriam para a sua fisionomia atuais. É certo que, tanto na época em questão, como na atualidade, estas não foram consensuais. As duas fotografias que aqui surgem, documentam duas operações de "modernização" da cidade, que se realizaram quase em simultâneo. A primeira mostra-nos como era a zona do Largo das Ameias, num dos extremos da Avenida Fernão de Magalhães, até 1953. Nesse ano são demolidos os dois blocos de edifícios, visíveis no centro da imagem, de forma a ampliar o Largo das Ameias, e superar o estrangulamento do trânsito crescente nesta entrada para a Avenida Fernão de Magalhães. Apesar de tudo, as fachadas dos dois edifícios mais altos (à direita), davam um aspecto mais harmonioso ao Largo das Ameias. A sua demolição colocaria um grave problema estético neste local, que ainda hoje se tenta resolver à custa de "cosmética publicitária", pois tornou o ponto mais em destaque do Largo das Ameias num recanto "sem rosto". Ali ficou, para sempre, a memória de uma obra feita a pensar exclusivamente na funcionalidade daquele espaço, à revelia de qualquer consciência patrimonial, a qual, pretendendo ser apenas um "melhoramento" em função das exigências de uma época específica, acabou por se concretizar numa amputação pura e simples, cujas consequências, até hoje, ninguém soube resolver devidamente.
Já a segunda fotografia, retrata a primeira fase das obras de alargamento e reposicionamento da Avenida João das Regras, realizadas mais ou menos no mesmo período das atrás referidas no Largo das Ameias. As profundas alterações da Avenida João das Regras encontravam-se inseridas num conjunto mais vasto de obras, realizadas em simultâneo, onde se incluíam a construção da "nova" Ponte de Santa Clara, inaugurada em 1954, o que levaria à consequente demolição da antiga (datada de 1875) no final desse ano, e também a completa remodelação do Largo da Portagem, que lhe daria muito da sua actual fisionomia. Aliás, estas três obras também podem ser referidas como uma única obra, visto que o decurso e a progressão de cada uma delas, dependia muito diretamente das outras. Os edifícios visíveis no lado direito desapareceriam no decurso das obras, tornando mais visível o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. O lado esquerdo manter-se-ia quase inalterável até hoje (2007). Devido ao facto da "ponte nova" de Santa Clara ter sido construída à direita da antiga de 1875, obrigou a que se construísse uma outra via, mais larga, ao lado da original. Para dar concretização a esta obra, para além de se demolir todas as casas do lado direito da antiga via, houve que "roubar" um pouco da área do Choupalinho, mais ou menos onde se localizava a antiga entrada para a Feira Popular. A antiga via, que ia dar à velha ponte, ainda por lá se encontra, como um acesso alternativo.
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