A fotografia de cima mostra-nos parte do vasto complexo de edifícios do Mosteiro de Santa Cruz tal como ele se encontrava por volta de 1860. Aqui é possível observar o famoso Claustro da Manga, o qual, mais tarde, se transformará no actual Jardim da Manga. Mais atrás, observa-se a Torre de Santa Cruz ou Torre dos Sinos. Esta seria demolida no começo de 1935, sob o pretexto de poder ruir, pondo dessa forma em perigo a vida dos transeuntes. Entre esta velha torre e a ala mais acima do Claustro da Manga, havia já uma estreita rua, que, mais tarde, se denominará Olímpio Rui Nicolau Fernandes. Do outro lado, logo à direita da Torre, seria instalado um liceu, o qual, após o 25 de Abril, adquiriria o seu nome actual de Escola Secundária Jaime Cortesão.
Após a extinção das ordens religiosas pelo Decreto de 1834, da autoria de Joaquim António de Aguiar, as várias alas do Claustro da Manga passariam a albergar vários serviços públicos, nomeadamente a Malaposta, os Correios e o serviço de telégrafo. Aliás, no extremo direito da imagem, quase imperceptível na foto, existia um arco de ligação entre os dois lados da então estreita rua denominado "Arco do Correio". Este seria demolido, juntamente com a ala maior do Claustro da Manga, aquando das obras de alargamento da futura Rua Olímpio Nicolau Fernandes, em finais do século XIX, obrigando a uma nova recolocação logística dos serviços públicos aí instalados.
A fotografia de baixo, mostra como este local se encontrava nos primeiros anos do século XX, quando a rua fronteira já era uma via algo movimentada, graças, em grande medida, ao Mercado D. Pedro V e às novas habitações que haviam começado a bordejar a futura Avenida Sá da Bandeira. Esta nova via, não era mais do que um alargamento acentuado do antigo caminho de ligação ao futuro Parque de Santa Cruz, durante muito tempo um local de retiro e meditação reservado aos frades crúzios.
As outras alas do Claustro da Manga, seriam, durante a primeira metade do século XX, sujeitas a profundas obras de remodelação, em grande parte incentivadas por um violento incêndio que aí ocorreria em 1917. Em particular a ala visível à direita, onde estavam alojados, já então, os C.T.T., seria novamente pasto das chamas em 1934. Na sequência disto, optou-se pela sua total demolição e, no seu local, seria construído de raíz o actual edifício dos C.T.T., de traça arquitetónica totalmente diferente. O conjunto de construções, fontes, cubelos e esculturas do antigo Claustro da Manga, seria alvo de operações graduais de limpeza e embelezamento, recebendo o actual nome de Jardim da Manga.
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