quarta-feira, janeiro 27, 2021

"It's All Meat"! ESTE TEMA DIZ TUDO!!!

 Falei, em posts anteriores, na temática do "BLUES". Eis um tema onde surge expressa a profundidade deste género musical. Pode soar datado, pois foi composto e lançado nesse ano (ainda hoje algo enigmático...)  que foi 1967. (Lembre-se tudo o que houve, nos mais variados campos, por essa altura.)

Este tema provém de um álbum com um título, então (1967), com muito significado: "WINDS OF CHANGE". 

Mas é o último tema do lado B... Portanto, nunca vem nas coletâneas e é sempre ignorado pela generalidade dos ouvintes... Mas encerra e bem, o respetivo álbum!

É muito curto, pois dura pouco mais do que 2 minutos, mas É DIRETO E CERTEIRO!!! E SEM RODEIOS!!! Como deve ser!!!...

(O facto de durar pouco, ainda pode provocar, nalguns ouvintes, a vontade de carregar várias vezes seguidas no botão que faz voltar os temas ao princípio...)


IT’S ALL MEAT

 

The sound of Muddy Waters and the voice of Jimmy Reed

When Ray Charles moans

It's all meat on that same bone

It's all meat on just one bone

 

When Miles Davis blows his horn,

When Ravi Shankar plays

It's all down home

But it's all meat on the same bone

It's all meat on just one bone

 

When Erkel Darbies (???) walks,

When Eric Clapton talks

There's only one place it can come from

And it's all meat on the same bone

All meat, same bone,

Do it!

 

Don't you listen to none of them jive hip squares

Try to tell you where the blues is from

'Cause the blues is from the whole wide world

Deep within the souls of men.

 

When Muhammad Ali gets mad

When an Irishman drinks

It's all for a woman

It's all for his home

It's all meat on the same bone

It's all meat, same bone

It's all meat, same bone

Same bone, same thing

It's all soul, It's all meat!


Olhando para a letra, muitos de certo pensarão: "Deve ser longo e arrastado!". Muito pelo contrário!!! Eu acho que é demasiado curto!!!

E, agora, o mais importante:

Eric Burdon & The (New) Animals - "It's All Meat" (1967). A fantástica execução da guitarra é de Vic Briggs (o segundo à direita na imagem) ou de John Weider (o primeiro à direita). Eric Burdon, a voz principal e o líder, está no meio (muito bem acompanhado... Seria a sua namorada de então?). 
Quando Eric Burdon decidiu, em 1966, formar os (NewAnimals e foi para os Estados Unidos, reuniu-se de um grupo de músicos de eleição. Estes são, na imagem, da esquerda para a direita: Danny McCulloch (baixo e 2ª voz), Barry Jenkins (bateria e percussão) - o único elemento de uma versão anterior dos Animals, ainda em InglaterraVic Briggs (guitarra), vindo também de Inglaterra, e John Weider (guitarra, violino e outros instrumentos).

Eric Burdon & The (New) Animals. Era este o aspeto do grupo por alturas do lançamento do LP "Winds of Change" (1967).

Eric Burdon & The (New) Animals - "Just The Thought" (1967-1968). Tema proveniente do segundo LP "The Twain Shall Meet", gravado no final de 1967 e lançado em Maio de 1968. Neste disco, os arranjos instrumentais são reveladores de uma crescente complexidade, e as letras tornam-se mais esotéricas, revelador de um mergulho mais fundo no psicadelismo, então, corrente. É um disco de adesão um pouco mais difícil do que o anterior, mas não menos interessante e contém alguns dos temas mais estranhos do repertório desta banda, inclusive este "Just The Thought". A voz principal não é a de Eric Burdon, mas sim do baixista Danny McCulloch. Eric Burdon é a outra voz que recita os versos. De referir que este Danny McCulloch, mais tarde, num livro lançado poucos anos antes do seu falecimento, em 2015, afirmará que ter sido membro dos Animals, foi o maior erro da sua vida...

No ano seguinte (1968), a formação original sofreria importantes transformações. De início, o número de elementos aumentaria com a chegada de um certo Zoot Money (que também respondia pelo nome de George Bruno), que iria ocupar os teclados. De seguida, saem Danny McCulloch e Vic Briggs e chega, mesmo a tempo de participar nas gravações do disco final "Love Is" (finais de 1968), um certo guitarrista, também britânico, chamado Andy Summers... Este último, anos mais tarde, integraria, com Sting e Stuart Copeland, a sempre relembrada banda Police... Vale a pena ainda referir que esta banda, só durante o ano de 1968, lançou 3 álbuns! Coisa reservada a poucos... Apesar de tudo, quando o último foi lançado, em Dezembro de 1968, a banda tinha-se já desfeito abruptamente e o resto é História...

sexta-feira, janeiro 15, 2021

Paul Butterfield Blues Band e East-West: duas obras-primas de seguida e indissociáveis


Paul Butterfield igual a si mesmo... Mesmo antes de revelarem quem é o verdadeiro "Paul Butterfield", a gente já percebe quem é...


Paul Butterfield (1942 - 1987) e Mike Bloomfield (1943 - 1981): dois bluesmen da cabeça aos pés, um na harmónica, o outro na guitarra. Quando este Mike Bloomfield decidiu sair da banda de Paul Butterfield, para não mais voltar, a "Butterfield Blues Band" nunca mais foi a mesma. Aliás, a morte prematura destes dois músicos de alto nível, mas não reconhecido, constitui duas das maiores tragédias ignoradas da história da música ocidental do século XX. Direta ou indiretamente, sobretudo no caso de Mike Bloomfield, eles foram vítimas do esquecimento a que foram votados, em consequência de o blues ter perdido muito da sua importância, sobretudo a partir da década de 1970. Pode-se dizer que o "nicho" que este tipo de música ocupava, foi sendo gradualmente ocupado pelo chamado "heavy metal", nos seus mais diversos tipos. Tal como tem acontecido com o "heavy metal", também o blues-rock é um género de música que, mesmo nos seus tempos áureos, raramente beliscava os lugares mais inferiores dos "hit-parades". Ambos são dois géneros musicais intrinsecamente anti-mainstream e, sobretudo, anti-comerciais. Todavia, tal como o referido "heavy metal", o blues tem sempre mantido um núcleo de fans, adeptos e seguidores dos mais solidamente fiéis, quase como acontece nos clubes de futebol.

Documentário essencial onde ouvimos o veterano bluesman Son House e o, então, jovem Mike Bloomfield exprimirem as suas perspetivas acerca do que é, realmente, interpretar e, sobretudo, sentir o "verdadeiro" Blues. Mike Bloomfield, não se considera idêntico ao veterano Son House, apesar de o venerar. A distingui-lo dos, então na sua grande maioria, bluesmen negros, ele salienta, pelo menos, dois fatores: "Eu sou judeu!" e "Eu nasci numa família abastada". Mesmo assim, ele reconhece que o Blues, tem qualquer coisa de "místico". Ao ser "apanhado" por esta "mística", Mike Bloomfield "viveu" também o Blues à sua maneira: "Acabei por também levar muita "porrada"! Neste vídeo, a determinada altura, Mike Bloomfield fala dessa "figura" chamada Paul Butterfield, onde faz uma referência elogiosa ao seu, então, colega de banda. Algo como: "Ele é único! Ele é inimitável! Ele nasceu para o blues! Ele é um bluesman na sua mais profunda essência!". A encerrar, ouvimos Paul Butterfield e a sua "Blues Band", com Mike Bloomfield na guitarra principal, no Festival de Newport, em 1965. Foi nesta mesma edição do Festival, que Bob Dylan provocou "escândalo" ao tocar guitarra elétrica, acompanhado, precisamente, por esta "Blues Band". De referir ainda que Bob Dylan, no seu álbum "Highway 61 Revisited" (1965), contou com a participação de Mike Bloomfield e, por diversas vezes, a guitarra deste "brilhou". Tomemos como exemplo o tema que eu considero o melhor do "Highway 61 Revisited": "Tombstone Blues".

Bob Dylan - "Tombstone Blues" (1965). A letra é um perfeito exemplo de exercício de inspiração no máximo. É quase um romance surrealista transformado em canção. Destaque para a guitarra de Mike Bloomfield.

The Paul Butterfield Blues Band - Born In Chicago (1965). O tema de apresentação de Paul Butterfield. Há quem diga que, de facto e naquele tempo, ele andava armado, não só com a sua harmónica... Mike Bloomfield, mais tarde, afirmará que, quando conheceu Paul Butterfield, este lhe causava medo... Este último, pelo menos, manteria uma admiração por aquele, até à sua morte prematura...

The Paul Butterfield Blues Band - Shake Your Moneymaker (1965). Neste tema, Mike Bloomfield é o rei, aos comandos da sua inconfundível guitarra. Sugestão: escutar com o som bem alto!


The Butterfield Blues Band - Walkin' Blues (1966). De novo, Paul Butterfield e Mike Bloomfield na linha da frente, ainda que com novos elementos na banda.

The Butterfield Blues Band - Mary, Mary (1966). A versão original. A harmónica e a voz de Paul Butterfield e as guitarras de Mike Bloomfield e Elvin Bishop (também conhecido por "Pigboy Crabshaw") são únicas. A seguir ao álbum "East-West", Mike Bloomfield saiu repentinamente do grupo e Elvin Bishop passou a ser o guitarrista principal. 

The Monkees - Mary, Mary (1966-1967). A versão que teve mais êxito e ficou mais famosa. Conta-se que, quando esta versão foi lançada, houve protestos aqui e ali de fans de Paul Butterfield e não só. Estes achavam que a, então, recém criada banda The Monkees tinha "roubado" o tema e o adulterado. A versão "pop" desta canção pode ser criticável mas, na verdade, o tema não foi "roubado". O seu autor era, precisamente, Mike Nesmith, um dos elementos dos The Monkees (é, no video, o guitarrista). Acontece que este, uns meses antes, quando ainda a sua banda ainda não era famosa, ele ofereceu o tema ao grupo de Paul Butterfield, que fez uma interpretação genuína, como era de esperar... A única coisa, digna de registo, da versão dos Monkees é a parte rítmica, que ficou a cargo dos bateristas Hal Blaine e Jim Gordon, já então músicos de estúdio veteranos e muito requisitados. Hal Blaine tocaria bateria, por exemplo, em diversos temas dos The Mamas & The Papas. Jim Gordon, para além de ter sido "session musician", chegaria a integrar o super-grupo Derek & The Dominoes, liderado pelos guitarristas Eric Clapton e Duane Allman (1946-1971) (este último membro-fundador dos Allman Brothers Band) e que teria como seu maior êxito o tema "Layla" em 1970.

quinta-feira, janeiro 14, 2021

Peppermint Trolley Company: nascidos para a música


Temas provenientes do álbum "Beautiful Sun". 




The Peppermint Trolley Company - I've Got To Be Going (1968).

The Peppermint Trolley Company - Baby You Come Rollin' 'Cross My Mind (1968).

The Peppermint Trolley Company - Reflections (On A Universal Theme) (1968).

The Peppermint Trolley Company - Trust (1968).


sexta-feira, janeiro 08, 2021

Book A Trip: Uma dose a dobrar de psicadelismo

 Book A Trip - Volume 1


This Side Up - Book A Trip (1967).



The Shanes - Chris Craft Nº 9 (1966).


Chris & Craig - I Need You (1966).


Fargo - Robins Robins (1968).


Summer Snow (feat. The Peppermint Trolley Company) - Flying On The Ground (1967).


Moorpark Intersection - Yesterday Holds On (1967).


Sidewalk Skipper Band - Seventeenth Summer (1968).


Book A Trip - Volume 2

Raw Edge - October Country (1967).

Ellie Janov - Portobello Road (1967). Ellen Janov, que na sua adolescência foi também atriz de séries juvenis, estreava-se como cantora, interpretando aqui uma cover de um tema original de Cat Stevens que, no ano anterior (1966), também se havia estreado como cantor e compositor com temas como "I Love My Dog" e "Matthew And Son". Uma frase muito repetida ao longo da canção é "Growing old is my only danger". Ironia ou não, Ellie Janov, quando já tinha abandonado a sua carreira artística e iniciado a sua atividade profissional na área da psicoterapia, seguindo as pisadas do seu famoso pai, encontrou a morte com apenas 22 anos num incêndio... De referir que o autor da canção, Cat Stevens, também acabaria por ter a sua vida em risco, em 1969, quando descobriu que tinha uma tuberculose (!!!) e que, segundo os prognósticos dos médicos, poderia não sobreviver... Esta doença acabaria por implicar uma suspensão na sua carreira artística ainda que por menos tempo do que ele temia... Logo em 1970, regressaria aos escaparates um "novo" Cat Stevens, claramente "renascido". Este momento muito crítico na sua vida havia-o levado a ponderar, muito a sério, a sua carreira de então e explica, entre outras coisas, a mudança evidente de estilo musical para um registo mais acústico e introspetivo, claramente afastado das suas "grandes produções", muito orquestradas e, por vezes, "pomposas", de 1966-1968.

Michael Blodgett - Fire Engine Sky (1967).

Robbi Curtice - When Diana Paints The Picture (1968). Esta canção é pura poesia! Na ficha técnica deste tema surge dito que este tema não ficaria mal no emblemático álbum dos Zombies "Odessey And Oracle" (gravado em 1967/lançado em 1968). Eu também acrescentaria o "Pet Sounds" dos Beach Boys (gravado desde 1965 e lançado em 1966). Este vídeo constitui também uma homenagem aos principais elementos intervenientes neste tema. De facto, eles surgem, em ordem aleatória, em épocas diferentes da sua vida. Este último detalhe ainda lhe atribui um sentimento adicional... O tempo passa... As pessoas envelhecem... Vão desaparecendo...

The Pink Cloud (feat. David Lucas) - Midnight Sun (1967).

James Flemming - Alone, Alone (1967).