segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Revista MOJO e os Small Faces: Uma seleção fantástica

Este número da revista MOJO saído em 2014, mesmo para quem não tenha o hábito de comprar revistas desta natureza, é ESSENCIAL. O CD que acompanha este número constitui uma das mais perfeitas coletâneas que esta revista já lançou em exclusivo.



Small Faces - "Here Come The Nice" (1967). Destaque para o vocalista e guitarrista Steve Marriott (1947-1991).

Noutra postagem, centrada em Rod Stewart e nos Small Faces, faço referência a uma editora que, durante algum tempo, os acolheu: a "Immediate Records". De seguida, alguns exemplos de outros artistas que fizeram parte do repertório dessa editora, agora quase mítica, mas cuja história não acabou da melhor maneira. Todos estão incluídos na coletânea acima referida.

Billy Nichols (com acompanhamento instrumental dos Small Faces) - "Come Again" (1968).

Billy Nichols (com acompanhamento instrumental dos Small Faces) - "Feeling Easy" (1968).

Billy Nichols - "London Social Degree" (1968).

Billy Nichols (com acompanhamento instrumental dos Small Faces) - "Girl From New York City" (1968).

Twice As Much - Sitting On A Fence (1966). Tema da autoria de Mick Jagger e Keith Richards (ou seja, os Rolling Stones). Acompanhamento à viola de Jimmy Page, um músico de estúdio, então, muito requisitado. Depois, este integraria o grupo Yardbirds, como 3º guitarrista solo (a seguir a Eric Clapton e Jeff Beck), antes de formar os Led Zeppelin com Robert Plant (voz e percussão), John Paul Jones (vários instrumentos, sobretudo baixo e teclados) e John Bonham (bateria e percussão). O resto é História... Não é este, de facto, o tema que aparece na seleção da MOJO, mas é o meu tema de eleição destes Twice As Much.

Twice As Much - Step Out Of Line (1966). Seguido deste!

The Fleur De Lys (com acompanhamento na guitarra "lead" de Jimmy Page) - Circles (1966). Versão muito melhor do que a original dos The Who (Roger Daltrey (voz), Pete Townsend (guitarras e outros instrumentos), John Entwistle (baixo) e Keith Moon (bateria e percussão).

Les Fleur de Lys (com acompanhamento na guitarra-ritmo de Jimmy Page) - Moondreams (1965). Um ano antes, pareciam um grupo completamente diferente...  O nome era algo original, mas não se revelou suficiente em matéria de sucesso de vendas. Ao mudarem o artigo de "les" para "the", assumiram-se, em definitivo como um grupo "mod", mas isso não lhes aumentou muito mais o seu sucesso...

Chris Farlowe - "My Way Of Giving" (1967). Tema originalmente composto e interpretado por Steve Marriott e Ronnie Lane, dois elementos dos Small Faces. A voz de Chris Farlowe tem sido comparada à de Tom Jones. Ambos nasceram no mesmo ano (1940), mas há quem considere Chris Farlowe o mais genuíno dos dois. Talvez pela sua postura um tanto avessa ao demasiado óbvio e muito comercial. Integraria, entre outros, o grupo Colosseum. Há quem o considere um "cavaleiro solitário".

Nicky Scott - "Backstreet Girl" (1967). Tema composto e interpretado originalmente pelos Rolling Stones.

Humble Pie - "Wrist Job" (1969). Quando Steve Marriott saiu, abruptamente, dos Small Faces, em 1969, formou este grupo, que também incluía Peter Frampton, na sua formação inicial.

Duncan Browne - "On The Bombsite" (1968).

Amen Corner - "Hello Suzie" (1969). O grupo que lançaria o cantor Andy Fairweather Low. Os Amen Corner, também chegaram a ser conhecidos por "The Real Magnificent Seven" (algo como "Os Verdadeiros Sete Magníficos").

Rod Stewart - "So Much To Say" (1968). O lado B do single "Little Misunderstood", o único que Rod Stewart lançou através da "Immediate Records".

Murray Head - "She Was Perfection" (1967). Em 1969, este Murray Head seria a voz principal no tema "Superstar", que seria o "tiro de partida" para o lançamento do musical "Jesus Christ Superstar", da autoria do compositor britânico Andrew Lloyd Webber.

Murray Head - "Superstar" (1969). Eis o tal tema, do musical "Jesus Christ Superstar", da autoria do compositor britânico Andrew Lloyd Webber, a que ele seria, definitivamente, mais associado.

Tales Of Justine - "Monday Morning" (1967).

The Nice - "The Thoughts Of Emerlist Davjack" (1967). Um dos primeiros êxitos da banda que, finalmente, daria a fama a Keith Emerson, teclista de referência que, em 1970, fundará o grupo de música "progressive" Emerson, Lake & Palmer (ELP). Segundo consta, o seu nome "The Nice", derivou de um dos êxitos dos Small Faces, "Here Come The Nice", seus "colegas", então, de editora.

Nico - "I'm Not Sayin'" (1965). O single de estreia de Nico (1938-1988), alemã nascida em Colónia, ex-manequim, artista multifacetada e, de certa forma, outsider, que durante pouco mais ou menos 2 anos (entre 1965 e 1967), integrará os Velvet Underground, cuja participação ficaria documentada no icónico álbum com a capa de Andy Warhol, "The Velvet Underground & Nico", editado em 1967, quando ela já não estava no grupo. Depois de sair dos Velvet Underground, logo em 1967, Nico iniciaria a sua carreira a solo com um disco produzido pelo seu antigo "colega" John Cale, o importante "Chelsea Girl". 
De referir que, no ano seguinte, John Cale também se afastaria dos Velvet Underground devido a divergências com Lou Reed. Há quem diga que a saída dele representou o lento iniciar de uma rampa descendente até à sua dissolução que foi, de facto, em 1970, após o lançamento do álbum "Loaded" e a saída de Lou Reed, seguida pela de Sterling Morrison. É verdade que existem registos acerca da existência dos Velvet Underground depois de 1970, mas é preciso ter bem presente que essa entidade que respondia pelo nome também de "Velvet Undeground", não tinha nada a ver com o grupo original. Houve quem falasse em usurpação de nome. De facto, esses "Velvet Underground" pós-1970, tinham uma formação completamente diferente da original. É verdade que Maureen Tucker, a baterista e o único elemento fundador então restante, ainda ficará mais algum tempo no grupo, mas sairá pouco depois, ficando o grupo entregue à direção de um certo Doug Yule, baixista e cantor que, em 1968, fora substituir John Cale. A formação que, durante aproximadamente um ano e meio, constituiria esses "Velvet Underground" de fachada, estava longe de ser sólida e os dados não são muito precisos. Segundo o que foi possível apurar, para além de Doug Yule, a banda integrava Walter Powers, William "LocoAlexander, dois antigos membros de uma banda chamada "The Lost", e, na bateria, Bill Yule, este último irmão do novo líder. Todavia, quando se iniciaram as gravações de um LP, intitulado "Squeeze", lançado em 1971, já só Doug Yule integrava estes falsos "Velvet Underground". Este último álbum, desta forma, seria sobretudo um esforço a solo de Doug Yule. Não se conhecem os músicos de estúdio que o acompanhavam neste LP, considerado uma adulteração do "bom nome" dos Velvet Underground e estará aqui a razão de se ter esperado longas décadas até ser reeditado, numa versão "económica", em CD. Os verdadeiros fãs dos Velvet Underground, sempre rejeitaram veementemente este "Squeeze". Aliás, Doug Yule é considerado uma espécie de "mau da fita" e mesmo "usurpador" e "oportunista", na história dos Velvet Underground...
Quando a Nico, a seguir ao álbum "Chelsea Girl", considerado, por muitos, o mais "fácil" e "aderível" de toda a sua carreira, avançaria por um rumo criativo muito peculiar, que produzirá um estilo de música estranha, não muito agradável para a generalidade dos ouvintes, inclusive "fortemente depressiva", permanecendo uma eterna "outsider" muito problemática. Logo no disco seguinte "Marble Index", lançado em 1968, se começariam a desenhar os principais cambiantes e idiossincrasias que marcariam a sua carreira nos anos posteriores. De assinalar a sua participação no disco "June 1, 1974", gravado ao vivo, ao lado de John Cale, Brian Eno e Kevin Ayers. Manteria uma reputação, no mínimo, de mulher reclusiva e enigmática.
 Voltaria a ser notícia em 1988, aquando da sua morte, meses antes de completar 50 anos, vítima de uma "queda de bicicleta", quando, segundo o seu filho, ela ia à cidade "comprar mais uma dose de marijuana".
Nico - "The Last Mile" (1965). O lado B do single anterior. Não vinha incluído na seleção referida da revista MOJO, mas acho esta canção ainda mais interessante do que a do lado A. Em ambos os lados deste single de estreia, a parte das guitarras ficou a cargo de um certo músico de estúdio, então muito requisitado, chamado Jimmy Page. A letra é enigmática e a interpretação é "haunting"!... 

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