A Checoslováquia foi uma das novas nações criadas no século vinte na sequência do desmantelamento dos grandes impérios europeus, após a Primeira Guerra Mundial. Esta era constituída por regiões antes integrantes do desaparecido Império Austro-Húngaro dos Habsburgos: Boémia, Morávia, Eslováquia e a Ruténia Carpatiana.
As novas fronteiras haviam sido criadas englobando, com alguma precisão, a vasta área geográfica ocupada por estas zonas.
O problema começou a surgir, desde logo, devido ao facto das populações englobadas nestas regiões não serem completamente homogéneas, pelo menos a nível étnico. Havia séculos que existiam aglomerados populacionais, minoritários no computo geral, de gentes provenientes de outras etnias, em especial germânica e húngara, que se haviam integrado, mais ou menos, no seio dos povos que iriam constituir a Checoslováquia. A importância destes dois grupos étnicos, com língua própria, havia crescido, inclusive em número, sobretudo durante a constituição definitiva do Império Austro-Húngaro.
Devido ao facto de estarem intimamente ligados às duas facções então dominantes, era certo que usufruíssem de algum privilégio e consideração por parte dos respectivos poderes. Devido à grande extensão, sem delimitações internas definidas, do Império Austro-Húngaro, nunca tinha havido nenhuma questão quanto à localização das várias etnias dentro dos seus limites. No entanto, desde já há várias décadas que surgiam movimentos autonomistas, severamente reprimidos pelas forças imperiais, dentro dos povos de diversas zonas etnicamente predominantes. Entre estes incluíam-se os Checos e os Eslovacos. Estes movimentos autonomistas foram uma das razões que desencadearam a Primeira Grande Guerra Mundial.
Terminada a Primeira Guerra Mundial, e sendo a Áustria-Hungria um dos principais derrotados, logo os seus antigos domínios são fragmentados em novas nações independentes. Decide-se privilegiar os povos e etnias antes subjugadas em detrimento, claro está, das, agora separadas, Áustria e Hungria. Devido à natural irregularidade no interior de um vasto império, é certo que os limites físicos reais de uma região onde predominasse uma etnia, não estavam linearmente definidos. Desta forma, era certo que existiriam dentro de uma região especificada, indivíduos unidos por laços étnicos a outra região diferente.
Dado que os indivíduos de origem germânica e húngara haviam sido os dominantes e mais poderosos no interior deste império, era certo que teriam mais facilidades em se disseminar no interior dos seus limites, usando apenas os recursos naturais como o seu principal critério de distribuição populacional.
Como era de esperar, a nova nação da Checoslováquia teria, no seu interior, um número apreciável de gentes de origem étnica húngara e, sobretudo, germânica, em especial junto às suas recém-criadas fronteiras. Desta forma, nas zonas Sul e Sueste, mais perto da Hungria, predominavam populações húngaras, enquanto que a Norte e Noroeste, mais perto da Áustria, havia um forte contingente germânico.
Os povos de língua e etnia germânica, que se localizavam na região montanhosa dos Sudetas, constituíam um grupo particularmente forte, não só em termos numéricos, como por, desde logo, terem tido uma vocação claramente nacionalista, dificultando sistematicamente as decisões da nova república que os governava e recusando a maior parte dos acordos que o poder central ia tentando com eles elaborar. A vasta minoria germânica dos Sudetas, entre outros aspetos, sentia-se discriminada pelo poder central. Muitos dos seus elementos, alegavam terem sido vítimas de ações arbitrárias e violentas por parte das autoridades checoslovacas, embora não seja possível confirmar até que ponto isto seria verdadeiro. A região dos Sudetas era de particular importância para a Checoslováquia, não só devido ao seu valor estratégico, situando-se aí o essencial das suas defesas fronteiriças ocidentais, como também por ser uma zona fortemente industrializada.
O precário equilíbrio que existia entre esta comunidade germânica e o poder central foi definitivamente destruído com a Grande Depressão, iniciada em 1929. A percentagem de desempregados entre os “Alemães dos Sudetas”, era visivelmente mais alta do que no resto da população da Checoslováquia, o que aumentou ainda mais o seu descontentamento e desencadeou, de tempos a tempos, diversas revoltas e greves. Paralelamente, o Partido Nazi, liderado por Adolf Hitler, havia conquistado o poder, no final de Janeiro de 1933. Uma das suas premissas, desde logo era dar apoio, até certo ponto moral, a todas as comunidades germânicas que se sentissem oprimidas pelos governos dos países onde estivessem localizadas. Logo de seguida, nestas comunidades, constituem-se forças políticas abertamente de tendência nazi, que tentavam dar voz às aspirações de há muito. A comunidade germânica dos Sudetas, foi das mais ativas neste campo, assumindo-se, agora mais do que antes, em praticamente “guerra aberta” com o governo central checoslovaco. Como era natural, a sua atitude declaradamente hostil, encontrava, da parte deste, respostas cada vez mais violentas, mas menos eficazes.
Ao tomar conhecimento dos projetos expansionistas do governo alemão nazi, o governo central de Praga começa a ponderar seriamente em enviar e instalar a título permanente forças militares e policiais para a região dos Sudetas. A intenção é não só para reforçar a segurança da zona fronteiriça, como também para melhor poder controlar a comunidade germânica aí existente, cuja ebulição separatista e nacionalista havia chegado ao rubro. Os receios de Praga começaram a ganhar mais força sobretudo a partir da entrada da recém-criada “Wehrmacht” na Renânia, até então desmilitarizada e da intervenção aberta na Guerra Civil de Espanha, para apoiar os revoltosos nacionalistas, tudo isto em 1936.
Edvard Benès.
Neste ano, ocupava o cargo de Presidente da República Checoslovaca Edvard Benès. Seria este mesmo presidente a assistir às cedências afrontosas das principais potências europeias face às exigências territoriais de Adolf Hitler.
Neville Chamberlain e Adolf Hitler em 1938.
Este já havia anexado a Áustria na “Grande Alemanha” e pretendia, nesse mesmo ano de 1938, incluir também a zona dos Sudetas. Foi na sequência disto que se agendou a Conferência de Munique, onde a Checoslováquia seria obrigada a ceder ao 3º Reich a sua zona fronteiriça dos Sudetas, para grande júbilo dos aqui residentes.
Neville Chamberlain, Édouard Daladier, Adolf Hitler, Benito Mussolini e o CondeGaleazzoCiano.
Não aceitando compactuar com esta situação, Edvard Benès ver-se-ia obrigado a abdicar do poder em Outubro de 1938, partindo para o exílio em Inglaterra, juntamente com a família e vários antigos elementos do seu staff. Suceder-lhe-ia Emil Hácha, por ser católico e não ter qualquer relação direta com esta perda territorial, a qual se esperava ficar por aí. Para além de visivelmente mais velho do que o seu antecessor, Emil Hácha era um homem enfraquecido pela falta de saúde e com pouca firmeza. Será esta falta de firmeza que o levará a integrar à força, até 1945, um governo-fantoche sob a alçada da Alemanha nazi. Logo no ano de 1939, não se conseguirá opor à declaração de independência por parte da Eslováquia, incentivada decerto pelas potências do Eixo, do qual a Hungria era um aliado.
Logo em meados de Março de 1939, na sequência de uma conversa com Adolf Hitler, em que este o ameaçou, inclusive, de bombardear Praga, Emil Hácha, decide não se opor à entrada das tropas hitlerianas no que restava do território da Checoslováquia, que, até 1945, se passaria a designar por “Protectorado da Boémia e da Morávia”. Emil Hácha manteria o cargo de presidente, mas apenas na aparência, pois fora obrigado a ser totalmente fiel aos sucessivos governadores alemães desse “protectorado”, até ao final da Segunda Guerra Mundial. Desta forma, a região antes designada por Checoslováquia seria, a par de muitas outras, sujeita ao domínio totalitarista e às leis do 3º Reich, com todas as consequências negativas, já longamente conhecidas, para a sua população e economia.
Nos meses seguintes ao final da Segunda Grande Guerra, houve, da parte dos antigos dominados, todo um conjunto de violentas ações no sentido de expulsar todos os indivíduos de etnia germânica, com especial destaque para todos aqueles que haviam colaborado com os invasores nazis. Muitas delas foram executadas espontaneamente pelas populações, desejosas tanto de legítima vingança, como de recuperar antigas posses confiscadas quer pelo 3º Reich invasor, quer pelos residentes de etnia germânica que foram muito privilegiados durante estes quase seis anos de usurpação territorial. Para impulsionar esta regularização territorial da Checoslováquia, foram postos em prática os “Decretos Benès”, elaborados desde alguns anos antes pelo governo democrático, exilado em Inglaterra desde 1938, encabeçado pelo ex-presidente Edvard Benès.
Estes decretos continham diretivas muito específicas acerca da nova redistribuição do território checoslovaco, com especial destaque para a expulsão não só dos cidadãos de etnia germânica, muitos deles residentes até então muito problemática zona dos Sudetas, mas também dos da minoria húngara, estes mais predominantes na zona sueste da Checoslováquia. É preciso também não esquecer os diversos indivíduos provenientes destas duas etnias que viviam espalhados por todo o território checoslovaco, não raras vezes em casamentos mistos.
Os decretos elaborados pelo governo, até então exilado, foram aplicados em toda a sua extensão possível pelas novas autoridades checoslovacas, fortemente apoiadas pelo seu povo em geral. Houve, como é natural, situações algo polémicas durante estes processos de expulsão, nomeadamente através das previstas represálias contra estas populações que, durante séculos, haviam estado mais ou menos bem integradas nesta sociedade. Houve mesmo relatos de casos de violência extrema, incluindo tortura e homicídios, praticados indiscriminadamente contra estas minorias agora indesejáveis, independentemente da idade das vítimas. Como acontece sempre nestes casos, houve tentativas tanto para exagerar os factos, da parte de quem agora estava do lado dos escorraçados, como para reduzir a sua importância, senão abafar, da parte dos que agora pretendiam livrar a sua nação de quaisquer elementos que pudessem causar instabilidades futuras a nível do país, agora livre do jugo nazi.
Foi, sobretudo, a nível da população de língua e etnia germânica em que mais incidiram estas medidas de expulsão, que resultaram no êxodo forçado de, aproximadamente, 90% ou mais dos seus integrantes. Mesmo assim, ficariam alguns devido, entre outros aspectos, ao facto de estarem inseridos em casamentos e famílias mistas e também por nunca terem apoiado os invasores nem abdicado da sua nacionalidade checoslovaca e, dentro destes últimos, poderem ter um papel importante na futura recuperação da Checoslováquia. Edvard Benès regressaria de novo ao seu país logo em 1945, assumindo o seu lugar de dirigente máximo da sua nação, até Fevereiro de 1948, na sequência da tomada de poder por parte de uma força comunista de influência soviética, que o leva à resignação, tendo falecido em Setembro desse ano. De qualquer forma, todos estes processos de expulsão e expropriação, rodeados, muitas vezes, por atitudes de extrema violência, ainda que compreensíveis, provocariam alguns ressentimentos que, ainda hoje, perduram por entre diversos sectores da população quer da Alemanha, quer da Hungria. Em ambos os países, ainda existem associações, cada vez mais constituídas pelos descendentes dos espoliados originais, que reclamam, tanto ao actual governo da República Checa, como ao da Eslováquia, reparações pelas perdas e danos sofridos.
Durante muito tempo, os museus eram instituições vocacionadas para o armazenamento e conservação dos bens legados do passado. Eram em número relativamente reduzido e preferencialmente situados em localidades com maior área e importância geopolítica. Geralmente eram espaços de grande volumetria, pouco apelativos para o público em geral, excepto para os curiosos e eruditos, o que vinha ao encontro de uma política muito disseminada de “porta fechada”. Isto é, os museus viam-se como guardiões de bens de valor incalculável e, muitas vezes, únicos e raros, para quem os visitantes eram vistos como invasores de um espaço quase sagrado, se não mesmo potenciais ladrões ou causadores de danos. Quanto mais selecto fosse o público visitante, mais os directores dos museus se sentiam seguros de estar a cumprir o seu dever. Os objectivos de um museu centravam-se mais à volta dos objectos e da melhor maneira de os arrumar, proteger e, quando necessário, proceder aos necessários restauros. Muitas vezes, a forma de os dispor no espaço expositivo, não obedecia a nenhum critério específico de ordenamento. Quando muito, as peças eram ordenadas em função da sua proveniência ou dos seus autores e inventariadas de uma forma sumária, de acordo com a sua ordem de aquisição por parte das instituições museológicas. Para além disso, a própria forma de as expor não facilitava muito a sua compreensão por parte dos visitantes, dado que era frequente a saturação dos espaços visíveis, ou seja, em cada espaço, fosse um recanto, um corredor ou uma divisão, eram colocadas várias peças em simultâneo, mesmo que fossem de natureza diferente. A intenção da generalidade dos museus, ao exporem as suas peças e colecções, era mais a de mostrar a riqueza do seu espólio, como que pretendendo rivalizar entre si, do que facilitar a quem as observava, uma verdadeira compreensão lógica das exposições que se iam fazendo. Além do mais, quase não havia qualquer preocupação em tornar agradáveis as exposições ao olhar dos visitantes. Estes eram levados a observar tudo o que fosse possível durante o período de visita mas, muitas vezes, saíam sem nada compreender do que os seus olhos haviam apreendido.
Hoje em dia, pelo contrário, o grosso da sua actividade é orientada em função dos visitantes, ainda que exista, como é fundamental, uma necessidade de especialização e actualização permanente dos seus funcionários relativamente aos métodos de conservação e restauro. São os visitantes verdadeira força motriz da actividade museológica. Foi graças ao seu crescente interesse pelo património e pela memória que nele surge representada, que houve, ao longo do séc. XX, um aumento exponencial da oferta e variedade de museus. A generalidade dos museus actualmente existentes dá uma importância primordial ao que se denomina de “feedback”, ou seja, a opinião da parte de quem os frequenta, como um elemento regulador das suas iniciativas. Por outro lado, é cada vez mais reconhecida a importância do museu enquanto agente transmissor de educação, essencial na formação integral dos cidadãos. Uma educação, ao mesmo tempo, distinta e complementar da que é fornecida a nível escolar. Os seus visitantes, ao circularem pelos corredores e divisões dos museus são despertados para diversas realidades e perspectivas que o seu quotidiano geralmente não oferece. Para muitos, será a única oportunidade que têm de apreciar ao vivo um número significativo de obras de arte e outros artefactos caídos em desuso. Esta sua interacção com os objectos observados, ajuda-os a desenvolver o seu gosto estético e a tomar conhecimento com a diversidade da produção cultural, quer seja da sua localidade ou da sua nação, quer seja proveniente de outras regiões do mundo com culturas mais ou menos distintas. Os visitantes ao serem confrontados com realidades muito distintas da sua, são levados directa ou indirectamente a desenvolver um espírito mais tolerante em face das disparidades culturais e mesmo religiosas que caracterizam o nosso planeta. Por outro lado, ao entrarem em contacto com bens legados de outros tempos, de outras civilizações, enriquecem o seu conhecimento histórico, que não raras vezes é muito superficial e descontextualizado. Igualmente ajuda-os a consolidar e a memorizar, os conhecimentos já adquiridos. Para além disto, a cada vez maior utilização das novas tecnologias, por parte dos museus pode levar os seus visitantes a visualizar ou mesmo reviver vários aspectos de realidades já passadas, de uma forma passiva ou activa, o que, na verdade, lhes vai acabar por fornecer um nível de conhecimento por vezes superior ao que conseguiram obter em anos de formação escolar. Esta faceta do museu, como instituição que presta um serviço educativo, posiciona-o, com grande destaque, no grupo restrito das instituições de reconhecida utilidade pública. No entanto, o investimento dos museus no campo didáctico e pedagógico é algo relativamente recente e é ainda um terreno com muito para explorar.
Os Zombies foram um dos grupos mais importantes da “invasão britânica” que se seguiu ao aparecimento e êxito dos Beatles, a partir de 1963. No entanto, não oficialmente, o grupo já se havia formado em 1961, a partir da reunião de alguns estudantes da zona de St. Albans, com gostos musicais próximos. O grupo, na sua formação definitiva, era constituído por Colin Blunstone na voz principal, Rod Argent nos teclados e coros, Chris White no baixo, viola acústica e coros, Paul Atkinson nas guitarras e Hugh Grundy na bateria e percussão.
Só se afirmariam discograficamente a partir de 1964, quando lançam o tema “She’s not there”, que é êxito em vários países. Tiveram, nos anos seguintes alguns outros êxitos, ainda que gradualmente menores, mas foi sobretudo devido àquela canção que eles são relembrados por muitos. De qualquer forma, os “Zombies” arriscar-se-iam a não ser mais do que um entre muitos outros seus contemporâneos, que não tiveram mais do que um ou outro êxito assinalável, se não fosse um álbum que eles gravaram quando a sua separação já era mais do que certa.
O nome desse álbum era “Odessey And Oracle”, saído em Março de 1968. Era o segundo álbum deste grupo e fora gravado durante os últimos meses de 1967. Apesar de, no momento do seu lançamento, não ter vendido muito, este disco acabaria por inscrever, posteriormente o nome dos “Zombies” entre os grandes grupos da década de 60. O álbum “Odessey And Oracle” não causou grande impacto nessa Primavera de 1968, em grande parte porque o grupo já se havia dissolvido, não havendo a promoção necessária. Só os anos que se seguiriam acabariam por trazer o devido reconhecimento a esta obra discográfica.
Pode-se afirmar que todo o interesse à volta dos “Zombies”, só cresceu verdadeiramente quando estes já tinham acabado. De facto, a partir de 1968, os elementos do grupo dispersaram-se por projetos de vida muito diferentes. Colin Blunstone iniciou uma carreira a solo, com êxito muito moderado, mantendo-se um cantor de primeiro nível, apesar de não devidamente reconhecido. Rod Argent, apoiado por Chris White, formou o seu próprio grupo, “Argent”, que teria algum sucesso durante os anos 70. Chris White, tornar-se-ia produtor de diversas bandas e cantores, participando, muito casualmente, em gravações de estúdio de alguns deles. Paul Atkinson trabalharia com computadores, antes de, tal como Chris White, enveredar pela produção de cantores e grupos, entre os quais os “ABBA”, participando, ocasionalmente, como músico de estúdio. Hugh Grundy também exerceria, durante algum tempo, atividades inseridas em estúdios de gravação e editoras discográficas passaria a viver para a sua família, participando em diversos negócios, nomeadamente a gestão de um bar local, só muito ocasionalmente retomando a bateria.
Como aconteceu com muitos dos grupos extintos ao longo das últimas décadas, a comunicação social e o público, com destaque para os fãs, têm vindo a alimentar o sonho, muitas vezes utópico, de ver os “Zombies” reunificados, nem que seja por uma breve ocasião, sempre longamente recordada. Devido às diversas atividades absorventes, fora ou dentro da indústria musical, dos seus antigos membros, sem esquecer as eventuais mudanças de país de residência, tal situação esteve, durante muitos anos, longe de estar sequer prometida. Outro argumento para a recusa em se voltarem a reunir, corroborado por outros, residia no facto de poderem ser considerados anacrónicos e, desta forma, poder não contribuir muito positivamente para a respectiva imagem mediática. No entanto, uma reunião em estúdio já poderia ser mais consensual.
Foi o que aconteceu em 1990 quando, por iniciativa de Chris White, decidiram voltar a gravar canções em mais de vinte anos de separação. Uma das razões para esta súbita tentativa de reavivar da chama dos “Zombies”, residia, segundo Chris White, no facto de, desde a sua separação, em 1968, terem surgido diversas bandas como mesmo nome.
Não é uma situação muito usual, mas no caso dos “Zombies”, houve, em terras britânicas e norte-americanas, bandas que tentaram capitalizar o seu sucesso, assumindo-se como os“verdadeiros Zombies”. Eram situações de usurpação de nome, que foram sendo mais ou menos resolvidas judicialmente.
O problema era o facto de serem algo recorrentes. Movido por este momentâneo desejo de legitimação, Chris White entra em contacto com outros produtores seus conhecidos, numa forma de obter apoio financeiro para pôr em marcha o seu projeto de gravar um novo trabalho discográfico.
Logo de seguida, entrou em contacto com os outros seus antigos colegas de grupo. Obteve imediata aceitação por parte do baterista Hugh Grundy (em cima), logo seguida da total disponibilidade do antigo vocalista Colin Blunstone. Já não foi tão bem sucedido com os outros dois elementos. Paul Atkinson estava a viver e a trabalhar em full-time numa editora discográfica nos Estados Unidos e Rod Argent estava submerso em diversas atividades de estúdio, para além de, mais uma vez, ter argumentado não fazer sentido reviver um grupo musical muito datado.
Uma vez que os teclados de Rod Argent eram uma peça fundamental no som dos “Zombies”, Chris White teve de procurar um músico específico que reunisse as qualidades necessárias para ocupar um lugar quase insubstituível. Esse músico foi encontrado na pessoa de Sebastian Santa Maria (em cima), músico chileno nascido em 1959, e um verdadeiro mago dos teclados. Na realidade, os teclados eram apenas um dos diversos tipos de instrumentos musicais em que ele era exímio.
A partir daqui, estavam reunidas todas as condições para se iniciarem as gravações dos temas que iriam constituir o primeiro álbum dos verdadeiros “Zombies”, gravado, com mais de duas décadas de distância, desde a obra-prima “Odessey And Oracle”. O seu título inicial era "The Return Of The Zombies", mas acabou por ser escolhido o título de uma das suas canções: "New World". Ao contrário do que, inicialmente se pretendia, o álbum não foi editado nos Estados Unidos. Tendo sido, primeiro, lançado na Alemanha.
Contrariamente ao que muitos poderão pensar, não se trata de um disco revivalista, pelo menos no que respeita à música em si. O seu som é muito actual (para a época em que foi lançado), apontando, por isso, para novas direções. Muito deste som "mais contemporâneo", deve-se, sem dúvida, à proeminência dos teclados de Sebastian Santa Maria, o que faz deste disco uma demonstração muito expressiva do talento deste músico e, talvez, uma iniciação no seu vasto e muito peculiar mundo musical. Para além de "novo Zombie", Sebastian revelou também um pouco do seu talento de compositor em alguns dos temas deste álbum, com especial destaque para "I Can't Be Wrong" e "Moonday Morning Dance".
Neste dois temas, somos levados a reconhecer o à-vontade de Sebastian tanto nas baladas como em temas mais uptempo e a destapar um pouco do véu sobre o seu ecletismo e versatilidade. Com a sua morte prematura em 1996, vítima de uma rara doença genética, este disco acabou, de certa forma, por ser um muito expressivo tributo a Sebastian Santa Maria, músico, cantor e compositor.
O vocalista Colin Blunstone (em baixo) surge, mais uma vez, no seu melhor, revelando-se perfeitamente adaptado a novas correntes musicais, não desiludindo quem se habituou a considerá-lo uma das melhores vozes da música contemporânea.
Uma feliz surpresa para muitos fãs de longa data dos "Zombies", foram as duas participações, como músicos convidados, dos antigos membros-fundadores originais Rod Argent e Paul Atkinson. Cada um deles participou num tema diferente.
Rod Argent (em cima) havia, pouco antes, regravado uma série de êxitos do seu antigo grupo. Um desses temas era "Time Of The Season", que ele aceitou ver incluído no alinhamento de "New World". De facto, Rod Argent não havia participado, diretamente, nas gravações deste novo disco dos "Zombies", mas teve a oportunidade de assistir a algumas delas, tendo ficado bem impressionado com a qualidade das canções interpretadas.
Paul Atkinson (em cima), pelo contrário, teve a rápida oportunidade de participar no tema principal do disco "New World", enquanto um dos guitarristas, apesar de não ser possível distinguir qual o som da sua guitarra no meio dos outros. Decerto, acabaria esta por ser uma das suas últimas raras participações como músico em gravações de estúdio, antes da sua morte prematura em 1 de Abril de 2004, aos 58 anos, na sequência de complicações derivadas do cancro.
A partir do momento em que o museu abre as suas portas ao público, inicia-se um novo e mais importante período da sua existência. A instituição poderá finalmente ser sujeita a uma avaliação mais concreta do trabalho realizado até então. O teste dos visitantes é decisivo e implacável.
Os erros cometidos durante a fase em que o museu se concebeu, edificou e organizou internamente, vão agora fazer sentir as suas consequências.
Perante as imperfeições detectadas, a direção do museu será levada, fazer uma planificação mais atenta e exigente, a acompanhar mais de perto o desempenho das suas equipas de trabalho e a fazer eventuais ajustes de pessoal. Mais uma vez, não se deve pôr de parte o eventual despedimento de alguns funcionários menos competentes, caso se detectem situações de descuido ou negligência sistemáticas.
Os problemas poderão surgir agora com muito maior frequência, nem sempre por culpa dos funcionários nem de quem os dirige.
Alguns dos problemas que podem ocorrer, quando a responsabilidade é do pessoal do museu, são exposições onde que não exista relação entre uma ou várias peças expostas e o nome que lhes é atribuído; ausência de placas indicativas do nome das peças num ou mais casos; danos existentes em peças e expositores; desaparecimento de objetos sem justificação plausível e coleções desorganizadas.
Quando as causas são intrínsecas ao espaço do museu, podem ficar permanentemente comprometidas muitas das iniciativas previstas, apesar de toda a competência dos seus funcionários. Entre estes problemas destacam-se a falta de espaço, a dimensão inadequada das várias divisões, portas demasiado estreitas para transportar expositores de maior tamanho, demasiada luz natural, fraco isolamento térmico e calor excessivo nos meses mais quentes.
Isto tudo obriga a planificações de recurso e a um reaproveitamento dos espaços de uma forma diferente do previsto e, se possível, obras adicionais.
A nível das irregularidades que mais atingem diretamente os visitantes, para além do fraco arejamento dos espaços ou pelo contrário, o frio excessivo, existem por vezes dificuldades de mobilidade no interior dos espaços, falta de higiene a nível dos lavabos, bem como ausência de rampas para deficientes.
Outra das críticas feitas aos museus, tem a ver com o seu horário de funcionamento, pouco satisfatório para a generalidade dos horários laborais. Funcionam quando muita gente não tem disponibilidade para aí se deslocar e alguns fecham aos Domingos e feriados, precisamente em dias de potencial maior afluência. No entanto, muitos resolveram este problema, adotando um funcionamento de horário por turnos. Espera-se agora que os outros enveredem pelo mesmo caminho da flexibilização dos horários, permitindo, por exemplo, o funcionamento dos museus em horário pós-laboral.
Regra geral, existe a tendência para considerar como património, a merecer todos os esforços possíveis de salvaguarda, os aspectos materiais de uma localidade, região ou país. Sejam estes edifícios, núcleos urbanos, monumentos, lugares e objetos mais ou menos únicos. A componente humana destes aspectos é aqui secundarizada ou considerada como sendo apenas mais um elemento integrante de um todo. Trata-se de uma visão muito redutora deste problema, ainda muito enraizada na mentalidade de muita gente, mas que, nas últimas décadas, tem sido posta em causa. Existe um outro tipo de património, não visível, mas que pela sua importância, tem condicionado muito da ação e produção do Homem. É a cultura imaterial.
Esta é constituída por todo um conjunto de tradições, crenças, lendas, rituais pagãos e religiosos, bem como valores morais e regras de conduta específicas de determinadas regiões e grupos sociais, transmitidos ao longo das gerações. Associados a estes, vale a pena referir diversas manifestações culturais, muitas vezes associadas ao entretenimento, onde se incluem os cantares e as danças.
Mesmo no que respeita às atividades de subsistência e comércio, existem associados hábitos e comportamentos mais ou menos enraizados durante séculos, que têm ajudado, quem os adotou, a saber qual o seu lugar dentro do respectivo núcleo social. Deriva da necessidade de interação do Homem com o meio que o rodeia, cujos fenómenos, muitas vezes, ele não consegue explicar racionalmente. Tem uma componente de empirismo e uma de imaginação. Para muitos povos foi, ao longo dos tempos, um verdadeiro auxiliar de sobrevivência quando as condições eram adversas, bem como um elemento de identificação do indivíduo no grupo dos que geográfica ou pessoalmente, com ele se relacionassem. Durante séculos, estes costumes mantiveram-se como a cultura dominante em diversas regiões, sobretudo as mais afastadas dos grandes centros urbanos. Estas chegavam a ter um calendário próprio para as mais diversas atividades, ligadas ao trabalho, maioritariamente agrícola, ao comércio, onde predominavam os vendedores ambulantes, à religião e mesmo ao simples divertimento. Muitas das feiras que ainda hoje se realizam, quer na cidade quer no campo, provinham dessa época.
Da esquerda para a direita: Neil Landon (Patrick Cahill), Tony Burrows, Robin Shaw (Robin Scrimshaw) e Peter "Pete" Nelson (Peter Lipscomb).
Ao longo dos tempos foram surgindo cantores, músicos, grupos e compositores, que tiveram o seu momento breve de sucesso graças a uma simples canção, muitas vezes quase só por força do acaso. Muitos deles acabaram por não deixar grande história e quase só são lembrados como um fenómeno de época. O mesmo já não acontece com essas únicas canções, que acabam por se tornar um elemento essencial da vasta manta de retalhos que constitui a “banda sonora” de uma época. Muitas vezes, só a canção é lembrada, ignorando-se quase por completo a imensa história e seus protagonistas que, não raras vezes, existiram por trás desse momento perfeito.
Entre estes casos está a canção “Let’s Go To San Francisco” do grupo britânico “Flower Pot Men”, geralmente conotado com o psicadelismo ou, mais concretamente, com aquilo a que se deu o nome de “Flower Power”. Estava-se em pleno 1967 e viviam-se ainda os ecos do “Verão das Flores” e San Francisco era uma espécie de “Centro do Universo”, que influenciava, entre outros aspectos, a Moda, a música e até a cultura ocidental. Aliás, durante o mês de Agosto, a canção “San Francisco (Be Sure To Wear Some Flowers In Your Head)”, da autoria de John Philips (líder dos “Mammas & Papas”), interpretada por Scott Mackenzie, liderava o Top de discos mais vendidos.
Foi na sequência disto que, os compositores e músicos John Carter e Ken Lewis decidiram, aproveitar a “onda” e escrever o seu tema “Let’s Go To San Francisco”. Muitos viram nesta canção uma resposta britânica ao tema de John Philips e um eventual testemunho na primeira pessoa, embora os seus compositores continuem, até hoje, a negar ser essa a sua intenção, pois ainda não tinham ido, nesse tempo, à cidade de San Francisco.
O single que continha esta canção (em duas partes separadas) entrou, em Setembro de 1967, directamente para o 4º lugar dos hit-parades britânicos. Permaneceria ainda colocado entre os mais vendidos durante um bom número de meses, tornando-se, a partir daí, um tema incontornável na história da música popular de todos os tempos. Noutros países repetir-se-ia um êxito semelhante, pelo menos no que respeita ao mundo ocidental. Não havia dúvidas que “Let’s Go To San Francisco” havia sido composto e editado no tempo e momento ideais.
John Carter & Ken Lewis - "What's The Matter With Juliet?" (1964-1966).
Ken Lewis (Ken Hawker) (1940-2015) e John Carter (John Shakespeare), como "Nick Shakespeare" (1940), bem no começo da sua muito profícua carreira, quando ainda eram não mais do que dois jovens compositores estreantes ainda em busca do seu "lugar".
Carter-Lewis & The Southerners - "Back On The Scene" (1961).
Carter-Lewis & The Southerners - "So Much In Love" (1961).
Carter-Lewis & The Southerners - "Here's Hopin'" (1962). Tema da autoria do saudoso produtor e compositor Les Reed (1935-2019).
Carter-Lewis & The Southerners - "Poor Joe" (1962).
Carter-Lewis & The Southerners - "Two Timing Baby" (1962).
Carter-Lewis & The Southerners - "Will It Happen To Me" (1961).
Carter-Lewis & The Southerners - "Tell Me" (1962).
Carter-Lewis & The Southerners - "My Broken Heart" (1962).
Carter-Lewis & The Southerners - "Sweet And Tender Romance" (1963).
Carter-Lewis & The Southerners - "Your Momma's Out Of Town" (1963). Foi este o único sucesso desta banda.
Carter-Lewis & The Southerners - "Skinny Minnie" (1963).
Carter-Lewis & The Southerners - "Easy To Cry" (1963).
The Marauders - "That's What I Want"(1964).
Carter-Lewis & The Southerners, with Jimmy Page (Yardbirds, Led Zeppelin) (1944-) on the back, Viv Prince (Pretty Things, etc.) on the left and John Carter (John Shakespeare) at the front.
Carter-Lewis & The Southerners - "Who Told You" (1963). Feat. Jimmy Page (Yardbirds, Led Zeppelin, etc.) on guitar.
Carter-Lewis & The Southerners. Da esquerda para a direita: (o "fenómeno") Viv Prince (mais tarde nos "Pretty Things" e outros) (bateria), John Carter (John Shakespeare) (voz e guitarras), Jimmy Page (mais tarde nos "Yardbirds" e "Led Zeppelin") (guitarras) e Rod Clark (?) (baixo elétrico). Ken Lewis participava nas gravações de estúdio como teclista e 2ª voz.
Carter-Lewis & The Southerners.Da esquerda para a direita: (o "fenómeno") Viv Prince (mais tarde nos "Pretty Things" e outros)(bateria), John Carter (voz e guitarras), Rod Clark (?) (baixo elétrico) e Jimmy Page(mais tarde "Yardbirds" e "Led Zeppelin") (guitarras). Ken Lewis participava nas gravações de estúdio como teclista e 2ª voz.
Carter-Lewis & The Southerners.Da esquerda para a direita:(o "fenómeno") Viv Prince(mais tarde nos "Pretty Things" e outros) (bateria), John Carter (voz e guitarras), Rod Clark (?) (baixo elétrico) e Jimmy Page(mais tarde "Yardbirds" e "Led Zeppelin") (guitarras). Ken Lewisparticipava nas gravações de estúdio como teclista e 2ª voz.
Carter-Lewis & The Southerners - "Somebody Told My Girl" (1963). Feat. Jimmy Page (Yardbirds, Led Zeppelin, etc) on guitar.
Carter-Lewis & The Southerners. Da esquerda para a direita: Jimmy Page (mais tarde nos "Yardbirds" e depois nos "Led Zeppelin") (guitarras), John Carter (voz e guitarras), Ken Lewis (?) (voz e teclados), Rod Clark (?) (baixo elétrico) e (o "fenómeno") Viv Prince (mais tarde nos "Pretty Things" e outros) (bateria), por volta de 1963.
Carter-Lewis & The Southerners. Com (o "fenómeno") Viv Prince (2º em cima) e John Carter (2º em baixo). O baterista, fora de série, Viv Prince, foi o ídolo e o "grande mestre" do ainda mais conhecido Keith Moon (1946-1978), este último o inesquecível baterista dos "The Who" (que incluíam também o vocalista Roger Daltrey, o guitarrista Pete Townsend e o baixista John Entwistle). Pode-se dizer, sem margem para grandes erros (!), que Viv Prince e Keith Moon eram duas verdadeiras "almas gémeas". Viv Prince era o "Real Mac Coy", foi "Keith Moon" (ou "Moon, The Loon") antes mesmo do próprio Keith Moon! Há quem jure "a pés juntos" que Keith Moon, na verdade, era "apenas" uma imitação, não completamente fiel e mesmo "soft" (!) de Viv Prince... O resto é história...
Carter-Lewis & The Southerners. Com (o "fenómeno")Viv Prince (mais tarde nos "Pretty Things" e outros)(bateria) (2º em cima) e John Carter (guitarras e voz) (3º em cima).
Em 1964, John Carter e Ken Lewis encontrarão, na zona londrina de Denmark Street, onde eles e a sua equipa se haviam instalado, um certo Perry Ford (nome artístico de Brian Pugh (1933-1999)) (à direita, na imagem), músico, produtor e técnico de estúdio.
The Ivy League - "Funny How Love Can Be" (1965).
Ao fazerem a experiência de cantar em coro, verificam que as três vozes combinavam bem. É aqui que decidem formar o novo grupo "The Ivy League", ao qual daremos uma maior atenção, lá mais para a frente.
A propósito de Viv Prince:
Keith Moon (1946-1978). "Moon, The Loon" o fã nº1 e principal "herdeiro" do "legado" de Viv Prince, infelizmente desaparecido muito prematuramente, vítima de uma vida feita de excessos.
The Who - "Can't Explain" (1963-1965). Na parte dos coros de estúdio, participavam uns certos "The Ivy League", que eram exímios em fazer os tais falsettos, que se ouviam nos primeiros êxitos dos "The Who". São esses mesmos "três engravatadinhos" com ar de "cromos" (John Carter, Ken Lewis e Perry Ford) de que eu também falo nesta postagem! (Não pareciam ter nada a ver com a rebeldia própria dos "Mods"... Mas as aparências iludem!) Por isso, ao falar nos "The Who", não estou a "fugir" ao tema central desta postagem... Muito pelo contrário!!!
The Who - "My Generation" (1965), nova "remistura" de 2020.
The Who - "Anyway Anyhow Anywhere" (1965). Os "The Who" no seu melhor!!! Este tema é um perfeito "statement"...mais uma vez com a presença dos "engravatadinhos", "bem educadinhos" "monos" dos "The Ivy League" na parte dos coros. As aparências iludem!!! Já diziam os antigos...
The Who - "Anyway Anyhow Anywhere" (1965). Versão ao vivo no programa mítico "Ready, Steady, Go!". Keith Moon e Pete Townsend a competirem entre si no "roubo" do "show"... Quase sempre acabavam "empatados"...
The Who - "My Generation" (1967).
The Who - "Substitute" (1966). "But I was substituted for another guy!!! Me for him!!!". Muitos tipos identificam-se com esta letra... Quantas vezes uma nossa pretendida não foi parar aos braços de outro gajo!!! E nós ficámos "a ver navios" e a perguntar: "o que ele tem de melhor do que eu???"...
The Who - "I Need You" (1966). Tema composto pelo baterista Keith Moon. Como era de esperar, trata-se de um tema extremamente rico do ponto de vista rítmico... mas muito pobre a nível melódico! A música praticamente só gira à volta de três ou quatro notasbásicas!... Repare-se na técnica deste baterista: não há um "espaço vazio"! Quando outros "paravam", ele preenchia os "intervalos" com uns "drum rolls" que poucos conseguem fazer!
The Who - "Heatwave" (1966). Eu gosto do tema dos Xutos & Pontapés "Ai Se Ele Cai!" (2004), porque há qualquer coisa nele, que me faz lembrar este "Heatwave" dos "The Who"!!! Um tema muito "à la '66". Tive uma vez um sonho em que ouvi o "Ai Se Ele Cai!" dos Xutos & Pontapés tocado à maneira deste "Heatwave" dos "The Who"! Pareceu-me também ouvir os "engravatadinhos" dos "The Ivy League" a fazer uma das suas vocalizações em falsetto, tal como eles fazem neste tema! Foi um sonho que me deixou saudades!... (Será que alguém ainda conseguirá fazer a mistura perfeita do "Ai Se Ele Cai!" dos Xutos & Pontapés com o "Heatwave" dos "The Who"??? Seria, no mínimo, espetacular!!!)
The Who - "Happy Jack" (1966). Grande destaque para a bateria de Keith Moon e as vocalizações dos coros dos "The Ivy League" (sim! são esses mesmos! esses tais "engravatadinhos" com ar de "nerds"!...).
The Who - "My Generation" (1967) (versão ao vivo). Com as cada vez mais frequentes "partidas" finais, que influenciaram muitos outros grupos musicais.
The Who - "My Generation" (1967). Atuação ao vivo no programa norte-americano "The Smothers Brothers Comedy Hour". (Smothers:) "The show was really Keith Moon!".
Smothers: "...And over here the guy who plays the sloppy drums... What's your name?".
Keith Moon: "Keith! My friends call me Keith... But you can call me John!"/"...and you got sloppy stage hands!..."
Smothers: "OK!!! THAT'S ENOUGH!!!"
O resto era uma amostra do que eram os concertos "normais" dos The Who, quando eles estavam no auge... O filme fala por si...A destruição das guitarras e dos amplificadores era a grande especialidade de Pete Townsend, o tal que dizia "I wanna die before I get old!". Quem acabou por "cumprir" essa premissa foi, precisamente Keith Moon... (1946-1978). John Entwistle, de certa forma,também não era ainda "velho" quando o encontraram morto na cama, vítima, provavelmente, de um ataque cardíaco... (1944-2002). No grupo The Who ele era considerado o elemento "calado", tal como George Harrison era o "Beatle Calado". John Entwistle era conhecido por "The Ox" (algo como "O Boi"), porque era extremamente forte, comia mais do que os outros, era o mais calmo, era pachorrento... mas não era parvo! Ele não dizia nada mas, no fundo, ele não era adepto das "brincadeiras" de Pete Townsend e de Keith Moon. Ele procurava assumir uma pose discreta e manter-se à parte de toda aquela encenação. Pete Townsend e Keith Moon destruíam equipamento atrás de equipamento... Também foram praticantes do "hábito" de destruir quartos de hotel... por isso, quando iam em digressão, eles tinham muitos problemas em arranjar alojamento... Conta-se que, uma vez, de manhã, quando entraram no carro que os levaria para longe ("bem longe!!!") do hotel cujo quarto haviam já, obviamente, destruído, Keith Moon "explodiu" em mais uma das suas antológicas birras: "Parem!!! Parem!!! Ninguém sai daqui!!! Esqueci-me de fazer uma coisa!!! Se não me deixarem voltar atrás... Podem crer que vos vou tornar este dia e os seguintes num inferno!!! Juro que me vou recusar a tocar se vocês não me deixarem fazer uma coisa que ainda me falta fazer!!!" e saindo do carro: "Já venho!...". A determinada altura, do cimo de uma janela do hotel, cai um televisor na piscina... Momentos depois, Keith Moon, vinha calmíssimo, bem disposto: "Agora, já podemos ir embora, malta!" e arrancaram para irem continuar a sua digressão...
Neste vídeo, John Entwistle parece dizer: "No meu baixo ninguém mexe!!! Se tocas no meu baixo, LEVAS UMA ESQUECIDA!!!".
The Who - "Boris The Spider" (1966). Composição da autoria de John Entwistle. Prova de que ele era mais "hard" do que aparentava.
The Who - "Boris The Spider" (1966) (versão ao vivo). Composição da autoria de John Entwistle.
The Who - "Whiskey Man" (1966). Composição da autoria de John Entwistle. Refere-se ao alcoolismo associado à loucura, estado mental muito propenso a alucinações.
The Who - "Whiskey Man" (1966). Composição da autoria de John Entwistle. Para além do baixo elétrico, ele tocava também trompa ("french horn"). Neste tema temos a rara oportunidade de o escutar a tocar esse instrumento musical na 2ª metade da canção. O efeito acrescenta algo de sinistro ao tema, já de si nada otimista...
The Who - "I Can See For Miles" (1967). Um dos últimos temas em que os "The Ivy League" participaram nos coros. Os arranjos, tal como o ambiente musical e cultural circundante, estavam a ficar mais complexos... Tal como a vida pessoal de Keith Moon... O "Moon The Loon" "crescia" a olhos vistos...
The Who - "Won't Get Fooled Again" (1971). Aquele órgão!!!... Aquele órgão!!!... AQUELE ÓRGÃO!!!...
The Who - "The Song Is Over" (1971). Composição onde se prova que os The Who também eram bons nas baladas e em canções mais profundas. A voz principal é de Pete Townsend.
The Who - "Pure And Easy" (1971). Tema inédito durante décadas, pertencente a um projeto abortado. Na parte final do tema anterior, o seu começo é brevemente referido.
The Who - "Amazing Journey" (live) (1970).
The Who - "Amazing Journey" (1968-1969).
The Who - "I'm Free" (1975).
The Who - "I'm Free" (1968-1969).
The Who - "See Me, Feel Me/Listening To You" (1968-1969).
The Who - "Listening To You" (1975).
The Who - Vídeo de promoção do álbum "Who Are You" (1978), o último álbum onde participou Keith Moon, antes da sua "partida" final...
The Who - "Won't Get Fooled Again" (versão ao vivo de 1978). Foi esta a última atuação ao vivo e em vida de Keith Moon (1946-1978). Este tema, "Won't Get Fooled Again", original de 1971, passou a ser o tema com que os The Who encerravam os seus concerto (antes era com o "My Generation") com as tais "cenas" finais...
The Who. A última entrevista com Keith Moon (1946-1978) em 1978.
The Who - Os membros sobreviventes recordam o seu lendário baterista Keith Moon. (antes de 2002)
Documentário sobre Keith Moon (ca. 2013).
VIV PRINCE - Ele mesmo
The Pretty Things - "Honey I Need" (1965).
The Pretty Things - "The Moon Is Rising" - "You Don't Love Me" (1965).
The Pretty Things - "Midnight To Six" (2012) (trailer). Phil May:"Viv Prince era um anarquista, mas um anarquista sem direção".
Viv Prince. "A fazer o 'jogo do sério'! Ah! Ah!".
Viv Prince, no centro da imagem. Não era o vocalista Phil May (logo à direita), com um cabelo mais comprido do que a média dos rockers nesses anos de 1964 e 1965, o verdadeiro rebelde nº1 dos "Pretty Things"... Era Viv Prince (aqui a armar ao discreto...)!
Viv Prince. "Sou apenas um músico... Comecei pela guitarra... E mudei para a bateria... Tinha mais 'power'...".
Viv Prince.
Viv Prince. "Fazer de 'bem-comportadinho' deixa-me irritado!".
Viv Prince. "Assim de chapéu, até pareço um gajo conservador... Engano vosso!!!"
Viv Prince. "Vá! Façam agora de conta que eu não estou aqui!!!"
Viv Prince. "Eu sou baixinho mas, quando quero, causo mais sensação do que dez gajos juntos! Dez não!!! Vinte ou trinta!!! Mais!!!"
Viv Prince. "Mais uma foto... 'Bora fazer a pose da praxe...".
The Pretty Things. Da esquerda para a direita: Viv Prince, Brian Pendleton, Phil May, John Stax e Dick Taylor.
The Pretty Things. Da esquerda para a direita: Brian Pendleton, Dick Taylor, Phil May, John Stax e Viv Prince.
Viv Prince. "Estas sessões fotográficas são uma tremenda seca!!!"
The Pretty Things. Da esquerda para a direita: Dick Taylor, Phil May, John Stax, Viv Prince e Brian Pendleton.
The Pretty Things. Da esquerda para a direita: Phil May, John Stax, Dick Taylor, Brian Pendleton e Viv Prince.
The Pretty Things. Da esquerda para a direita: Dick Taylor, Phil May, Viv Prince, Brian Pendleton e (meio coberto) John Stax.
The Pretty Things. Da esquerda para a direita: Phil May, John Stax, Brian Pendleton, Viv Prince e Dick Taylor.
Viv Prince. "Eu sou assim... Não é defeito... É feitio!... E elas gostam!!!"
Viv Prince. "Grande estilo este chapéu! Causa polémica? Agora é que não o largo!!!"
The Pretty Things - "London Town" (1965). Tema proveniente do álbum "Get The Picture?" de 1965. O último LP deste grupo acontar com a presença de Viv Prince na bateria e na percussão.
Viv Prince. "Eu não fiz nada... Só entrei para ver... Eles é que se atiraram a mim!...".
Viv Prince - Light Of The Charge Brigade (1966).
Viv Prince - Minuet For Ringo (1966).
Viv Prince. "Eu 'tou na minha!!!".
Viv Prince. "Querem ser 'cool' como eu? Primeira lição: começa primeiro com um copo... Ah! Ah! Minto!!! Este é o 14º copo!!! Como já passámos do 13, já não há azar!!! Adiante!!! Quando chegar ao 60, prometo tornar-me abstémio!!!... E amanhã é outro dia..."
Viv Prince, Paul McCartney e Brian Auger.
Viv Prince, com George Harrison e o "segurança" e grande amigo Mal Evans.
Viv Prince. "Eu sou assim e elas gostam!!!"
Viv Prince e alguns tipos, talvez, ligados ao mundo da música. O segundo ao contar da direita, parece mesmo o seu velho amigo John Carter, seu antigo colega nos "Southerners" e fundador de diversos grupos como os "Ivy League" e os "Flower Pot Men".
Viv Prince. "Pois é! Sou o Viv Prince! E então?"
Um desconhecido turista inglês, provavelmente em pleno Algarve, que, segundo parece, responderá pelo nome de "Viv Prince" ou será apenas um seu fã dedicado. "O meu ídolo sou eu... Quando era novo... Ah! Ah! Ah!!!".
Viv Prince. "Creio que se enganaram na pessoa! Ah! Ah! Ah!!!!"
Viv Prince. "Olha eu!!!..."
Viv Prince. Um eterno rebelde... "Inside I'm still young!!!"
The Pretty Things - "Vivian Prince" (1999).
Viv Prince. "Único e inimitável".
The Yardbirds - "Stroll On". (1966). Excerto do filme "Blow Up" de Antonioni (1966). David Hemmings no papel principal. Neste excerto, assistimos a uma performance do grupo britânico "The Yardbirds", com aquela demasiado breve (!) formação que integrava, nas duas guitarras, dois executantes fora de série: Jimmy Page, o tal que havia feito parte do grupo "Carter-Lewis and The Southerners" e que, antes de integrar os Yardbirds, fora um dos músicos de estúdio (conhecidos pelo nome de "Session Men") mais requisitados de sempre e que, depois, atingiria a consagração máxima e mundial nos "Led Zeppelin" (há quem diga que foi Keith Moon quem sugeriu este nome surrealista!) ; Jeff Beck (que, quando mais ninguém esperava, decide abandonar os Yardbirds, ainda em 1966, na sequência de mais uma das suas múltiplas "crises") um dos pioneiros tanto do "Hard Rock" como do "Heavy Metal". Neste filme ele imita claramente os "The Who", nomeadamente o idolatrado, mas também muito invejado por ele, Pete Townsend, ao arruinar os amplificadores e, sobretudo, destruir a sua guitarra. Muitos outros grupos, ao longo dos tempos, têm tentado reproduzir em palco estas performances extremas. Alguns lá vão conseguindo, enquanto, muitos outros, só conseguem ser postiços e dar "barraca". Não há nada como os "originais"!... O que há mais são "herdeiros" sem alma...
Jeff Beck - "Beck's Bolero" (1966-1967). "Timpani played by YOU KNOW WHO"!!!
(Voltemos para o "Let's Go To San Francisco" dos Flower Pot Men...:)
Acontece que John Carter e Ken Lewis não previam ter um êxito assim tão universal com este tema, cuja composição esteve muito longe de ser difícil, sendo eles escritores de canções de larga experiência e reputação, e que a haviam lançado quase à experiência. Na prática, o nome “Flower Pot Men” não correspondia a nenhum grupo oficial, de formação e elementos definidos, como eram muitos outros. A dupla Carter e Lewis, após terem composto o seu novo tema, limitou-se a fazer algo que não era assim tão invulgar.
De entre um vasto leque de músicos e cantores seus conterrâneos, com os quais já haviam entrado em contacto há algum tempo, escolheram a dedo aqueles que eles queriam utilizar em estúdio para a gravação do seu single. A escolha revelou-se perfeita. Todos eles tinham já uma experiência considerável no mundo da música, tanto a nível de grupos como de gravações em estúdio. Eles eram, segundo algumas informações, Tony Burrows e Robin Shaw nas vozes, John Lord nos teclados, Ged Peck nas guitarras, Nick Simper no baixo e Carlo Little na bateria. John Carter e Ken Lewis faziam as vozes principais.
Carlo Little(1938-2005) e Tony Burrows.
Ao verem-se confrontados com um êxito inesperado, John Carter e Ken Lewis sabiam que iriam surgir solicitações para atuarem em público o que serviria, entre outros aspectos, para reforçar o êxito já obtido e, assim, transformar os Flower Pot Men numa máquina de fazer dinheiro. No entanto, ao contrário do que acontece com a generalidade dos cantores e músicos, a ideia de entrar em digressão não era muito agradável para John Carter e Ken Lewis.
Ivy League: John Carter (1940), Ken Lewis (1940-2015) e Perry Ford (1933-1999).
Esta quase fobia de atuar ao vivo, resultava da sua experiência anterior, no grupo “Ivy League”, onde, da noite para o dia, eles se viram embrenhados, quase permanentemente, em digressões e atuações ao vivo quase seguidas.
The Ivy League - "What More Do You Want?" (1964).
The Ivy League - "Funny How Love Can Be" (1965).
The Ivy League - "A Girl Like You" (1965).
The Ivy League - "Graduation Day" (1965). Tal como nos outros temas dos Ivy League e de outros artistas a eles associados, a bateria estava a cargo de um músico de estúdio, então, muito requisitado: Clem Cattini.
The Ivy League - "Our Love Is Slipping Away" (1965).
Estando numa maré de grande sucesso que, parecia, prometer durar muito tempo, é tomada a decisão de se lançar um 1º LP nesse ano (1965), sob o nome de "This Is The Ivy League". Neste LP, o grupo pretendia dar abertura à sua versatilidade a géneros musicais diversos e a compor temas da sua autoria com um à-vontade e liberdade, que os lançamentos em singles não permitiam. No entanto, apesar da qualidade da sua interpretação, nota-se que, ao contrário do que seria de esperar, o grosso dos temas incluídos não são da sua autoria o que, em retrospetiva, terá pesado negativamente na receção crítica por parte da imprensa musical da época. Fica-se com a clara sensação de que, tivessem eles optado por um repertório quase, ou mesmo todo, da sua autoria, o LP teria sido mais bem sucedido. Mais uma vez, pode-se atribuir a culpa de eles não terem apresentado mais material original, à falta de tempo provocada por uma agenda de espetáculos e digressões cada vez mais frequentes e exigentes. Como consequência, trata-se de um disco que sabe a (muito) pouco...
The Ivy League - "Make Love" (1965). Exemplo de tema original no referido LP, da autoria dos três integrantes do grupo: John Carter (John Shakespeare), Ken Lewis (Ken Hawker) e Perry Ford (Brian Pugh) e dos mais bem conseguidos deste álbum.
The Ivy League - "Dance To The Locomotion" (1965). Uma das (maioritariamente), covers deste LP. É o tema de encerramento e dos mais interessantes. A aparente "má captação" do som dos metais, talvez não tivesse sido resultado do desgaste das "master tapes" originais. Parececlaramente deliberada, para se produzir um som mais "selvagem" e "raunchy".
The Ivy League - "Running Round In Circles" (1966). Quando este tema foi lançado, tudo parecia apontar para um novo sucesso estrondoso... Não foi o que aconteceu e isso terá contribuído para uma diminuição da autoconfiança dos membros dos Ivy League e aproximar o horizonte de uma futura dissolução, tal como veio a acontecer.
The Ivy League - "Willow Tree" (1966). Este tema foi o último êxito (menor) dos Ivy League.
The Ivy League - "One Day" (1966). Um tema mais "hard" do que o costume nas canções dos IvyLeague.
Aquilo que, no início, parecia algo desejável, em termos de promoção do seu grupo de então, começou a revelar-se cansativo e demasiado exigente, não lhes deixando tempo suficiente para a sua atividade favorita: compor canções. Perry Ford, pelo contrário, adorava os espetáculos ao vivo e assumia uma posição de cada vez maior liderança.
The Ivy League - "My World Fell Down" (1966). Este tema foi composto por John Carter e Geoff Stephens. Este single ("My World Fell Down"), lançado em finais de 1966, acabou, mais uma vez, por ter um fraco êxito. Acabaria por ser um grande (e o único) êxito de um certo grupo norte-americano chamado Saggittarius, onde se destacava o genial Curt Boettcher (1944-1987), no ano de 1967. Esta parceria (Carter-Stephens) havia já resultado numa, inicialmente, "brincadeira" ou experiência de estúdio, sob a forma do tema "Winchester Cathedral".
The New Vaudeville Band - "Winchester Cathedral" (1966). A tal "brincadeira" de estúdio de John Carter e Geoff Stephens... Composto por Stephens, sob a forma de um tema revivalista da música dos anos 1920 ("the roaring twenties") e cantado, na versão "demo", por John Carter, com a voz propositadamente distorcida. Geoff Stephens gostou de tal maneira da "demo" então conseguida, que decidiu lançá-la sob a forma da versão final.
O que acabaria por acontecer seria um inesperado êxito estrondoso no Outono de 1966.A banda, sob o qual aquele tema, aparentemente anacrónico, era interpretado e que respondia pelo nome de "New Vaudeville Band", ainda não existia, na prática. Era apenas um conjunto de músicos de estúdio, reunidos de propósito para aquela casual gravação e que se desfez logo de seguida. Começou a haver uma forte pressão para que a tal dita "banda" se desse a conhecer, pelo menos, em espetáculos televisivos. Desta forma, coube a Geoff Stephens e John Carter, fazer todas as diligências necessárias para reunir os elementos que iriam "dar a cara" pela, então, recém-criada "New Vaudeville Band", um pouco como acabaria por acontecer, no ano seguinte (1967), com a formação dos "Flower Pot Men".
The New Vaudeville Band - "Peek-A-Boo" (1966-1967). A banda "oficial", já constituída e com um vocalista escolhido. Só teve mais este êxito.
Por esta altura (finais de 1966), John Carter já havia saído da banda Ivy League. Para o seu lugar, havia entrado um certo Tony Burrows (1942).
The Ivy League, em 1966: Ken Lewis, Tony Burrows e Perry Ford. John Carter tinha transitado para o estúdio, envolvendo-se, igualmente, noutros projetos musicais.
The Ivy League - "Four And Twenty Hours" (1966-1967).
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The Ivy League - "Lonely City" (1966-1997). No final de 1966, estava agendado o lançamento de um 2º LP dos Ivy League, cujo nome seria "Mind Out! It's The Ivy League!". Acontece que a, subitamente, decrescente prestação, em termos de vendas, dos singles lançados durante esse ano de 1966, bem como o facto de os Ivy League, de repente, se começarem a sentir algo anacrónicos face à muito rápida evolução do panorama musical circundante, bem como outras razões não mencionadas, terão lançado maus auspícios quanto dar-se mais esse passo. Por outro lado ainda estava bem viva na sua memória a decepção que, contrariamente às expetativas, havia sido o seu primeiro LP "This Is The Ivy League", apesar da crítica musical lhe ter sido tendencialmente positiva. Todavia, inicialmente, ainda tudo apontava para o lançamento desse segundo LP. Por isso, para além de alguns temas, provenientes dos singles mais recentes, como era costume com outras bandas, já estarem incluídos no alinhamento previsto, foram gravados novos temas para completar os dois terços do futuro álbum que faltavam, incluindo este interessante "Lonely City". À última hora, já com as gravações prontas, optou-se pelo seu não lançamento... A partir daí, estes temas ficariam inéditos até serem "recuperados" numa edição em CD do essencial da obra dos Ivy League em 1997.
A gravação original deste LP seria em stereo, como se estava a tornar cada vez mais comum nesta altura (1966). Acontece que, nas duas edições em CD (a primeira de 1997) em que estes temas inéditos aparecem, o som é mono, ao contrário do que acontecia com os temas provenientes do 1º LP de 1965. Foi uma solução encontrada para o som ficar com uma qualidade, pelo menos, aceitável. Porque é que isto aconteceu? Uma audição atenta dos temas destinados a esse 2º LP, a começar por este "Lonely City", permite desvendar a razão por detrás desta sonoridade mono "conveniente".
As master tapes, como acontece com todos os projetos de discos abortados, são armazenadas então em locais cujas condições são, no máximo, aceitáveis, e por tempo indeterminado, tornando-se parte do "património" e dos "arquivos" dos estúdios onde foram feitas. Não são guardadas em cofres ou arquivos especiais, onde exista um cuidado rigoroso, nomeadamente quanto à estabilidade da temperatura e aos oscilantes e imprevisíveis campos magnéticos. No fim de contas, estes cuidados que, num "mundo perfeito" deveriam ser aplicados a todo e qualquer documento audiovisual, só são destinados a casos excecionais, como gravações cujo valor é considerado incalculável. Neste campo restrito e seleto estão, por exemplo, as gravações efetuadas pelos Beatles. Todo o resto (a grande maioria), fica sujeita às vicissitudes e circunstâncias do passar do tempo... Para além da tão temida "desmagnetização" total ou parcial, temos as situações em que as fitas são mudadas constantemente de sítio. Um exemplo muito comum desta última situação, é quando os estúdios de gravação são sujeitos a obras ou, ainda mais, quando encerram definitivamente e os seus arquivos ficam na posse de uma ou mais pessoas e, por isso, se fragmentam e ficam armazenados em condições ainda piores. Sem falar em situações extremas como humidade excessiva e incêndios... Ou quando são, simplesmente, encaminhados para o lixo.
As "master tapes" deste LP inédito de 1966 ("Mind Out! It's The Ivy League!") terão, pelo menos, sofrido uma desmagnetização parcial. Nesta gravação acima ("Lonely City"), por exemplo, escutamos, com muita nitidez, o som dos violoncelos, enquanto que a parte dos metais e da secção rítmica do baixo e da bateria surgem algo apagados e "perdidos na distância". Um outro detalhe, nota-se na pandeireta que, a determinada altura, "viaja" entre um lado e o outro, sobretudo na "coda" final, como forma de aproveitar os efeitos da, então, inovadora "esterefonia". O que se percebe é que este instrumento de percussão, ora desaparece, ora reaparece de súbito. Isto acontece porque um dos "canais" da gravação original se "apagou" com o tempo. Se não fosse feita esta "montagem" em mono, com o som mais distribuído ao centro, o mais certo era a música praticamente só se ouvir de um lado, como se um dos auscultadores e uma das colunas se tivesse, de súbito, "avariado". O facto de terem recorrido ao "eco", permite que se consigam ouvir os instrumentos e vozes pertencentes ao "canal" ou "lado" que sofreu a "desmagnetização", ainda que, muito ligeiramente, desfasados.
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The Ivy League - "Busy Doing Nothing" (1966-1997). Outro exemplo de tema destinado ao referido 2º LP, previsto para o final de 1966. Só veria a luz do dia, tal como os outros temas, em 1997. Neste tema, os instrumentos reservados a cada um dos "canais", estão "invertidos", relativamente a outros, como "Lonely City". Por isso, ouvem-se bem os elementos da parte rítmica, nomeadamente o baixo e a bateria, enquanto o órgão eletrónico e parte das vozes se ouvem quase "perdidos na distância" e levemente desfasados.
A pretexto do cancelamento à última hora de um 2º álbum (previsto para finais de 1966), e como consequência de se sentirem pouco produtivos, John Carter e, depois, Ken Lewis decidem sair do grupo, mantendo-se nos bastidores, apenas compondo e cantando nas gravações de estúdio. Para os substituir, são contratados os cantores Tony Burrows (1942) e também NeilLandon (Patrick Cahill) (1941-2020). Ambos são dois cantores já então experientes.
The Kestrels. Tony Burrows é o 2º a contar da esquerda e Roger Greenaway é o 3º.
Tony Burrows já havia integrado diversos grupos musicais, nomeadamente os "The Kestrels" desde o final da década de 1950, onde se destacava um outro cantor, Roger Greenaway (1938). Os "The Kestrels" chegariam a ser um dos grupos mais requisitados, em Inglaterra, para actuações ao vivo e acompanhamentos vocais de grupos e cantores diversos, sobretudo entre 1958 e 1964. As mudanças já então ocorridas no panorama musical (1965), torná-los-iam algo ultrapassados, sem renovação de contratos à vista nem solicitações para espectáculos, e a dissolução foi inevitável.
The Kestrels - "There Comes A Time" (1959).
The Kestrels numa foto mais recente. Roger Greenaway e Tony Burrows ao centro.
Neil Landon também havia, desde o começo da década de 1960, integrado vários grupos musicais que, como tantos outros, não tiveram nenhum êxito de assinalar ("The Cheetahs", "The Burnettes", etc.). A sua posição era quase sempre a de principal vocalista.
Neil Landon no início da sua carreira musical. Ele é o 3º a contar da esquerda, no meio. Nesta foto também surge Noel Redding, que, mais tarde, ficaria famoso como um dos elementos fundadores da "Jimi Hendrix Experience", ao lado do lendário guitarrista Jimi Hendrix, na posição de baixista. Voltaria a juntar-se a Neil Landon no grupo "Fat Mattress". É o 2º a contar da esquerda.
Ao tentar a sua carreira a solo, entrou em contacto com John Carter e Ken Lewis, por volta de 1965. Estes produziriam dois "singles" em 1966, tendo ainda composto as respectivas canções, que Neil Landon interpretou. Apesar de um interessante primeiro "single", "Waiting Here For Someone/I've Got Nothing To Lose", gravado em finais de 1965 e lançado em Janeiro de 1966, nem este nem o "single" seguinte conseguiram singrar, apesar de ter mesmo chegado a aparecer na televisão.
Anúncio promocional de 1966, do single referido.
De referir ainda que, no seu último ano de existência, os “Ivy League”, agora apenas com Perry Ford da formação original a liderar, viram o seu breve êxito decrescer até à sua dissolução no Verão de 1967.
The Ivy League - "Arriverderci Baby" (1967).
The Ivy League - "Thank You For Loving Me" (1967).
Será neste ponto em que John Carter e Ken Lewis se encontravam quando decidem pôr em marcha o projecto que iria dar origem aos “Flower Pot Men”.
Em face do êxito repentino do seu tema “Let’s Go To San Francisco”, John Carter e Ken Lewis vêem-se na necessidade de “dar corpo” a esse grupo virtual que deveria aparecer ao vivo e nos media. No que respeita à parte instrumental, consideraram ideal o recurso aos elementos principais da mesma banda que havia participado na gravação do já referido single. Pelo menos numa fase inicial, pois era certo que, na sua condição de músicos de estúdio, poderiam ser, de quando em quando, solicitados para outros projectos, não havendo problema em substituí-los. A maior dificuldade dizia respeito aos vocalistas do grupo, que seriam a sua imagem de marca. Por outras palavras, necessitavam de uma road band, que “interpretasse” o papel dos “Flower PotMen” e pudesse cantar ao vivo com a mesma qualidade que as versões de estúdio prometiam.
Tony Burrows em diferentes épocas.
Decidem, por isso, começar por utilizar os outros dois elementos que cantavam no tema original, ou seja, Tony Burrows e Robin Shaw. Dado que, na teoria, eles deveriam ser quatro, deveriam ser, à partida, John Carter e Ken Lewis a completar o grupo. Estes dois, tal como já foi atrás dito, não estavam na disposição de actuar ao vivo e passar novamente pelo tormento das digressões. Desta forma, havia que encontrar mais dois cantores que tivessem a qualidade vocal suficiente para os substituir o que, talvez, não fosse fácil. A solução, pelo contrário, revelou-se muito menos complicada.
Entram de novo em contacto com Neil Landon, a quem já haviam produzido dois "singles", e que já havia integrado, como substituto, os “IvyLeague” no seu último ano de existência. Este também era já um conhecido de longa data do baterista Carlo Little e fora também seu colega, no começo da década de 1960, num grupo rock de curta duração. Por isso, a sua integração foi muito fácil.
The Ministry Of Sound - "Someone Like You" (1966). Este era um dos vários grupos produzidos pela dupla John Carter e Ken Lewis no seu estúdio localizado na mítica rua londrina "Denmark Street", diretamente associados da "publicadora" "Southern Music" (quase um "contraste" com a "Northern Songs", através da qual os Beatles publicavam as suas canções. Provavelmente, o nome de uma delas foi criado em função do nome da outra... Será?). Este nome, "Ministry Of Sound", foi mais tarde apropriado por uma empresa de promoção de "dance music" que, até ao presente, já lançou umas boas dezenas de coletâneas, sob os mais variados pretextos e subtítulos e é, claro está, o tipo de música a que a maioria das pessoas associa este nome e é o que vem, logo à primeira, nos motores de busca.
Robin Shaw (1943-).
A parte vocal deste tema estava a cargo de Robin Shaw, o qual fez, neste grupo quase desconhecido, a sua estreia como cantor. A maioria esmagadora destes temas ficaria inédita até 2005, quando é lançada uma coletânea dupla, onde surgiam dois "supostos" LPs reeditados. O primeiro, chamava-se "The Men From The Ministry" que é, "supostamente", datado de 1966 e de onde é extraído este "Someone Like You". O segundo, onde surgiam, claramente, influências do psicadelismo, chamava-se "Midsummer Nights Dreaming" é, também "supostamente", datado de 1968. Este grupo "The Ministry Of Sound" foi mudando constantemente de membros, embora, em muitos dos seus temas surgissem, obviamente, os seus principais mentores John Carter e Ken Lewis. Os outros músicos e cantores que nele participavam eram os mesmos que integravam os outros projetos da referida "partnership" de "Denmark Street", com destaque para os, já mencionados, "Ivy League" e "Flower Pot Men". Nestes incluíam-se o baterista Clem Cattini e o ex-atleta, compositor, segurança(?), ator e cantor ocasional Russ Alquist (1935-2017).
Russ Alquist (1935-2017).
The Ministry Of Sound - "Sequin Sally" (1968). A título de curiosidade, aqui fica um tema onde o referido "cantor ocasional" Russ Alquist, não se saiu mal...
The Ministry Of Sound - "Life Is Living" (1967).
No que respeita ao elemento vocal que ainda faltava, coube a Robin Shaw (Robin Scrimshaw) (1943) entrar em contacto com um certo Peter Nelson (Peter Lipscomb) (1943-2005), que fora seu antigo companheiro e vocalista num grupo chamado “Peter’s Faces”.
Peter Nelson.
Peter's Faces. Robin Shaw é o primeiro da esquerda.
Peter's Faces. Robin Shaw e Peter Nelson no centro da imagem.
Peter's Faces - "Why Did You Bring To The Dance?" (1964).
Peter Nelson e Robin Shaw à esquerda na imagem.
Peter's Faces - "Try A Little Love My Friend" (1964).
Peter's Faces - "(Just Like) Romeo And Juliet" (1964). Ligeira mudança de som com a adição de um piano. Outros grupos também haviam interpretado, por essa altura, covers deste tema... O single foi recebido com indiferença, tanto pelo público, como pela crítica.
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Peter's Faces - "De Boom Lay Boom" (1965). Última tentativa deste grupo para conseguir o tão esperado hit. Mudaram um pouco o seu estilo habitual e tentaram aproximar-se do estilo de um outro grupo musical que fazia grande êxito em Inglaterra por essa altura: Cliff Bennett And The Rebel Rousers... O saxofone era a sua imagem de marca. Mas, como eles havia tantos outros... A experiência não resultou...
Este Peter Nelson, depois do seu grupo se ter dissolvido em 1965, sem qualquer sucesso discográfico, tentaria ainda singrar numa carreira a solo, igualmente sem êxito.
Peter Nelson - "Donna" (1965). Um original de Ritchie Vallens, mais conhecido pela sua interpretação do "La Bamba" em 1958 e muito prematuramente desaparecido, no mesmo desastre aéreo ocorrido a 3 de Fevereiro de 1959 ("the day the music died"), em que também morreram Buddy Holly e Big Bopper (este famoso pelo grande clássico do rock 'n roll "Chantilly Lace (oh baby, that's a-what I like)"(1958).
Desta forma, o convite de Robin Shaw fora mais do que oportuno.
Em pé: Neil Landon, Peter Nelson e Tony Burrows. Sentado: Robin Shaw.
Da esquerda para a direita: Neil Landon, Peter Nelson, Tony Burrows e Robin Shaw.
A partir daqui, os “Flower Pot Men” existiam oficialmente e foi este o quarteto que surgiu em todas as fotografias promocionais da época e nas actuações ao vivo, algumas das quais ainda existem em filme. Graças às suas capacidades vocais, Tony Burrows, Robin Shaw, Neil Landon e Peter Nelson conseguiram, durante quase dois anos, ser bem sucedidos enquanto road band. Acontece que, após o êxito estrondoso de “Let’s Go To San Francisco”, o sucesso discográfico não mais se repetiu e a sua imagem começou a ficar algo gasta, talvez, entre outras razões, devido ao progressivo declínio do psicadelismo e ao aparecimento de novas correntes musicais mais elaboradas.
The Flower Pot Men - "A Walk In The Sky" (1967). Contrariamente às espectativas, este single não chegou, nem de perto, ao êxito do anterior. Mas parece que, noutros países, em especial na Holanda, foi um êxito estrondoso.
Desta forma, a promessa dos “Flower Pot Men” se tornarem num grupo de êxito não se cumpriu, apesar da sucessão de singles lançados entre o final de 1967 e a maior parte de 1968 e de toda a promoção que à volta deles foi feita. Como forma de tentarem inverter o seu decrescente sucesso, chegarão a lançar um single sob o nome "Friends", sinal de que o nome "Flower Pot Men" estava a perder a "validade" muito rapidamente. Sintomático...
The Flower Pot Men (Tony Burrows) - "Man Without A Woman" (1968). Este single acabou por ser um grande flop, apesar da notável prestação vocal de Tony Burrows e do bem conseguido arranjo orquestral.
The Flower Pot Men (Peter Nelson) - "You Can Never Be Wrong" (1968). O lado B do single anterior. Na minha opinião, estetema é que devia ter sido escolhido para o lado A... Podia ter tido muito maior êxito...
The Flower Pot Men (Neil Landon) (sob o nome de "Friends") - "Piccolo Man" (1968). Não valeu a aventura de uma nova "identidade" para fugir a um novo fiasco... O lado B, deste single, mais uma vez, parecia uma melhor escolha. Era mais ambicioso e psicadélico, a começar pelo nome "Mythological Sunday"... Mas parece que os temas "alegres" também estavam "na onda" por essa altura (1968)... Decidiram tentar apanhá-la e naufragaram!
The Flower Pot Men - "Mythological Sunday" (1968). Um tema mais adequado para um LP do que para um single que se pretendia de "êxito imediato". Apesar de tudo,é um tema revelador de alguma imaginação. Bem conseguido o mellotron com o "som de flautas" a abrir e a fechar a canção.
Logo em 1968, a banda musical que acompanhava o grupo começa-se a desfazer, com a saída de John Lord e Nick Simper, que irão formar os “Deep Purple”, com muito maior sucesso. Apesar de John Carter e Ken Lewis continuarem a compor, tanto para o seu projecto musical ainda em curso, como para outros cantores e grupos, os “Flower Pot Men” dissolvem-se gradualmente durante o ano seguinte, apesar de, até 1970, terem sido gravados uma série de temas que ficariam inéditos por muitos anos. Segundo JohnCarter, esses temas destinavam-se a um ou dois albuns a lançar por essa altura (1969/1970), o que acabou por não acontecer. Essas canções dispersas acabariam por surgir, sem uma ordem lógica, em diversas colectâneas lançadas nos anos 80 e 90, mas só mais recentemente se fez o seu devido reaproveitamento, sob a forma de um CD com o nome "PeaceAlbum/Past Imperfect", que correspondeu a uma edição "virtual", ainda que tardia, dos dois álbuns abortados. Apesar de tudo, pode valer uma breve audição.
The Flower Pot Men - "White Dove" (1969). Tema incluído na parte referente ao "LP inédito" "Peace Album" (1970).
Ken Lewis (Ken Hawker) (nesta altura ele assumia o moniker de "Sir Ching I" (deve ler-se "searching eye")) e John Carter (John Shakespeare) por volta de 1969/1970. Foram eles os principais fundadores dos "Ivy League" e dos "Flower Pot Men" e participaram, direta e indiretamente, nos inúmeros projetos musicais saídos do seu estúdio de gravação situado na mítica rua londrina Denmark Street.
The Flower Pot Men - "Journey's End" (ca. 1969-1970). Tema incluído na parte referente ao "LP inédito" "Past Imperfect" (1970).
The Flower Pot Men - "Busy Doin' Nothing" (ca. 1968). Um de vários temas inéditos (até 1993?) gravados naquele enigmático período entre 1968 e 1970. A formação que gravou este tema, ainda, provavelmente, incluía os elementos originais da road band, a que o vídeo dá especial destaque. Trata-se de uma regravação de um tema já gravado pelos Ivy League, em 1966, agora mais "atualizado". Não tem o encanto do original de 1966, que aparece neste post, um pouco mais atrás. No entanto, esta versão, mais produzida, não deixa de ser interessante.
The Flower Pot Men - Silicon City (ca. 1969). Outro tema inédito (até 1993?) do referido período 1968-1970. Este tema é, claramente, um "pastiche" dos temas de temática "surf" de outros grupos, a começar pelos Beach Boys ("Surf City" e outros). Todavia, é um temapremonitório dos tempos que viriam... O local a que, em princípio, eles se referem é a área urbana situada na Califórnia, a que foi dado o nome de Silicon Valley, durante muito tempo a "meca" de tudo o que tivesse a ver com informática, quer a nível de hardware, quer de software. Com a "West Coast", então, ainda muito em voga e a perspetiva do aparecimento de algo de novo e revolucionário, que poderia, ou não, alterar completamente, senão destruir, o cenário, já em queda, do "Flower Power"... Foi um tema certeiro!
Quando os "Flower Pot Men" se dissolveram definitivamente, em 1970, já Tony Burrows, Robin Shaw e Peter Nelson subiam as escadas do êxito nos “White Plains”, juntamente com o veterano compositor/músico Roger Greenaway.
The Kestrels com Tony Burrows e Roger Greenaway (1º e 2º a contar da esquerda).
Este último fora o principal vocalista e antigo colega de Tony Burrows no grupo "The Kestrels", entre finais dos anos 50 e começos dos anos 60, antes de emparceirar, com Roger Cook (1940), no duo "David and Jonathan", que, entre outros temas, havia gravado uma das primeiras covers do tema "Michele" dos Beatles.
David & Jonathan.
David & Jonathan.
David & Jonathan.
David & Jonathan - "Michelle" (1966). Quando os Beatles lançaram o seu LP "Rubber Soul" em finais de 1965, logo se percebeu que esta balada, maioritariamente composta e cantada por Paul McCartney, era um tema "forte" e que fazia todo o sentido, como acontecia com outras bandas, lançá-la em formato de single ou EP. Acontece que os Beatles haviam adotado como regra de ouro, evitar "repetir" temas em formatos diferentes. Diziam que era para não "ludibriar" os seus fans... Apesar de haver muitas opiniões que defendiam que fazia todo o interesse lançar o "Michelle" em single, ainda que isso pudesse levar a que os seus fans ficassem com o tema "repetido"... Tudo indicava que este eventual single, apesar da "repetição", chegaria muito facilmente ao Top de vendas..."Cash-In" puro!!! Desta forma, sem haver nenhum single dos Beatles com o tema "Michelle", ficava aberto o caminho a que outro grupo ou cantor se "encarregasse" de o lançar em single ou EP e, desta forma, havia todas as condições para haver mais um "hit", para a respetiva editora... Estratégia de mercado!!! O grupo David & Jonathan, havia-se constituído a partir da parceria entre os compositores Roger Cook e Roger Greenaway. Estes dois também buscavam encontrar o seu primeiro êxito em nome próprio, depois de algumas das suas composições, com destaque para a canção "You've Got Your Troubles" interpretada pelos conterrâneos The Fortunes e que encimou os Tops de vendas durante 1965, terem sido êxitos dos dois lados do Atlântico.
Desta forma, George Martin, precisamente o produtor dos Beatles (!), decidiu entrar em contacto com estes jovens compositores, com o intuito de produzir uma versão do referido tema "Michelle" em single. Desta forma, ambas as partes ficariam a beneficiar: o dueto David & Jonathan tinha todas as hipóteses de conseguir o seu primeiro êxito "a sério" e George Martin, enquanto produtor desta canção, também teria muito a ganhar, bem como a editora a que ele estava associado. Vendo, à partida, o "caminho livre" e parecendo ter "todo o tempo do Mundo", todos os que estiveram envolvidos na produção e interpretação desta nova versão decidem pôr mãos à obra, ainda em Dezembro de 1965, enquanto o disco "Rubber Soul" subia nos "hit parades" a uma velocidade já esperada . Com o começo de 1966, os preparativos da futura versão da canção "Michelle" entram em velocidade de cruzeiro e as expectativas, são muito otimistas.
The Overlanders - "Michelle" (1966).
O problema foi que, durante esse espaço temporal, surge no mercado, quase de surpresa e antecipadamente, uma outra versão do tema "Michelle", interpretada por um grupo chamado "The Overlanders". Esta versão atinge, ainda logo no mês de Janeiro de 1966, o 1º lugar dos hit parades, criando uma situação indesejável para todos os que se envolveram na versão de David & Jonathan: eles viram-se forçados a competir com uma diferente versão mais bem sucedida e que, a cada dia que passava, surgia mais bem sucedida em matéria de vendas. Como se isto não bastasse, a versão dos Overlanders conquistava uma cada vez maior adesão por parte dos "consumidores" de música, tornando-se o modelo referencial a que todas as outras versões que surgissem posteriormente, acabariam por ser comparadas, ficando estas com o seu campo de ação cada vez mais limitado e ser mais do que certo, que não chegariam aos "calcanhares" da outra. Ponderou-se mesmo a ideia de se abortarem as sessões de gravação e produção da versão de David & Jonathan. O problema é que naquelas já se havia avançado a um ponto em que desistir, causaria situações, no mínimo, embaraçosas. Já se havia gasto muito tempo e dinheiro.
Mesmo assim, a versão de "Michelle" de David & Jonathan acabaria por ser lançada também nos primeiros meses de 1966, acabando por atingir, no máximo, o 10º lugar em terras de sua Majestade. Não era uma posição má se comparado com o que acontecia a outros cantores e grupos. Contudo, ficava claramente, abaixo das expetativas iniciais. Havia ainda o risco de vir a ser um "flop", o que era o contrário de todas as expetativas desejadas e colocaria muitos dos envolvidos numa "camisa de onze varas). Apesar de todos os outros aspetos, terão sido, entre outras coisas, a produção já investida em matéria instrumental e a "golden voice" de Roger Greenaway, que "salvariam" esta versão de "Michelle". Todavia, quando se fala em covers do tema "Michelle", é a versão dos Overlanders aquela que tem sido escolhida para coletâneas de "vários artistas" que foram surgindo a ritmos variados. Ao longo dos anos, foram entretanto surgindo novas versões, umas mais inovadoras do que outras e de êxito variável. O tema "Michelle" dos Beatles é agora um clássico incontornável de todos os tempos. Não obstante, foi a versão de "David & Jonathan" a que mais "danos" sofreu com a súbito lançamento da dos Overlanders, não só pela sua proximidade cronológica...
David & Jonathan.
David & Jonathan.
David & Jonathan.
David & Jonathan - "Lovers Of The World Unite!" (1966) (versão com letra). Roger Cook canta as partes a solo. Este tema foi um êxito ainda maior do que o anterior ("Michelle") e David & Jonathan sentiram-se,sem dúvida, compensados pelos eventuais fiascos anteriores
David & Jonathan - "Lovers Of The World Unite!" (1966). Versão remisturada em 2018. O suposto "coro de fundo" é composto apenas pelas vozes dos dois solistas, estas, por sua vez, sujeitas a um processo repetido de "overdubbing" que era, então, uma inovação de estúdio. As partes mais graves são cantadas por Roger Cook e as mais agudas são cantadas por Roger Greenaway. Apesar de tal assim nos parecer, não existe nenhum elemento feminino no dito "coro". Os "falsettos" são deste último (Roger Greenaway).
David & Jonathan.
Roger Greenaway e Roger Cook.
Os dois também constituíram a famosa dupla de compositores "Cook/Greenaway", que produziu também uma série de grandes êxitos de diversos grupos que existiram entre a segunda metade dos anos 60 e a primeira metade dos anos 70, incluindo os já referidos "White Plains".
Entrevista a Tony Burrows e a Roger Greenaway relativa ao fim dos "Flower Pot Men" e a constituição dos "The White Plains".
TheWhite Plains em 1970, durante a breve formação que integrou Tony Burrows (à direita).
The White Plains - "My Baby Loves Lovin'" (1970). Nesta versão ao vivo na televisão, é Roger Greenaway (à direita, na imagem), também um dos autores do tema, quem faz a voz principal. Na versão mais conhecida, em estúdio, era Tony Burrows (à esquerda, na imagem) o principal vocalista.A razão desta "troca de papeis" residia no evitar da repetição de uma situação que havia acontecido, também em contexto televisivo, umas semanas antes. Nesse período de 1969-1970, Tony Burrows era um dos cantores, não só de estúdio, mais requisitados em Inglaterra. Desta forma, num curto espaço de tempo, ele viu-se à frente de três grupos em simultâneo: os referidos White Plains; os Brotherhood Of Man, interpretando o tema "United We Stand" e os "Edison Lighthouse" interpretando "Love Grows (Where My Rosemary Goes)". Aconteceu que, num programa televisivo, transmitido também no começo de 1970, os três grupos estavam entre os que iriam atuar nessa ocasião. Estas aparições em público constituem, como ainda hoje acontece, uma forma de cantores e grupos se darem a conhecer ao grande público, o que é vital para a sua promoção e, espera-se, consequente êxito. A ideia é que, em cada programa, todos tenham direito a um "tempo de antena" equitativo e sejam tratados de forma idêntica. Acontece que, num mesmo programa, transmitido semanas antes deste, Tony Burrows apareceu como vocalista principal dos referidos três grupos, que estavam a ter êxito na altura. Na prática, isto correspondia a ter o triplo da promoção habitual e originou-se uma situação muito embaraçosa. Pensou-se que se estava a dar excessiva uma primazia a Tony Burrows... Foi uma situação que, de alguma forma, afetou negativamente a imagem pública deste cantor e o prejudicaria, inicialmente, na sua carreira. Agora, daqui para a frente, se aparecessem dois ou três grupos no mesmo show em que Tony Burrows fosse o principal vocalista, ele só poderia assumir a liderança de apenas um, previamente combinado à partida.
(Agora um pormenor anedótico: em comentários relativamente a este tema e vídeo no YOUTUBE, têm alguns "cromos" afirmado que estes "TheWhite Plains" teriam integrado um certo cantor chamado Meat Loaf que, entre muitos outros êxitos, lançaria, em 1977, o obrigatório álbum e êxito mundial "Bat Out Of Hell" e faria ainda um glorioso regresso nos anos 1990, graças a uma bem conseguida parceria com o também fantástico compositor e produtor Jim Steinman. A razão deste mal-entendido, se não é, simplesmente, uma peça antológica de fino humor para a gente se escangalhar logo a rir, reside na figura do 2º cantor a contar da esquerda. Eu próprio já chorei de rir só de pensar nesta muito absurda "lenda"!!! É como imaginar os "Ramones" a cantar o "Con Te Partiró" do Andrea Boccelli!!! (risos!!!). Vamos agora, de uma vez por todas, resolver este mistério: o nome desse cantor é ROBIN SHAW (Robin Scrimshaw) (1943), que fez parte, entre outros, dos "Peter's Faces", dos "Ministry Of Sound", dos "Flower Pot Men", antes de ingressar nos "White Plains", junto com, entre outros, Peter Nelson (Peter Lipscomb) (1943-2005), que também aqui aparece neste vídeo, à sua esquerda. Quem, até agora, ainda não percebeu isto, também não terá percebido pevidedesta postagem!!!)
Formação original dos "White Plains", por volta de 1970. Da esquerda para a direita: Roger Greenaway, Tony Burrows, Robin Shaw e Peter Nelson. Tony Burrowssairia pouco depois, para iniciar uma carreira a solo.
The Pipkins - Gimme Dat Ding(1970). Pelo meio, Roger Greenaway e Tony Burrows ainda tiveram tempo de fazer esta "brincadeira" que, apesar de tudo, foi um êxito estrondoso naquele ano (1970). É também considerado, por alguns, um dos temas mais "odiados" da música pop...
Tony Burrows e Roger Greenaway, como o duo "The Pipkins" (1970).
Este duo de dois cantores-compositores talentosos, como que resolveu fazer uma "perninha" no mundo da comédia... Roger Greenaway cantava num registo mais agudo e fazia o papel de "paneleirote caricato e ridiculamente efeminado", enquanto Tony Burrows cantava num registo mais grave e fazia o papel de "shabby, dirty, wicked, pervert 'n' filthy old man". Uma curiosidade... Se não o quiserem ouvir... Passem à frente!!!
Edison Lighthouse (feat. Tony Burrows) - "Love Grows (Where My Rosemary Goes)" (1970).
Brotherhood Of Man (feat. Tony Burrows and Roger Greenaway) - "United We Stand" (1970).
Tony Burrows - "Every Little Move She Makes" (1970).
First Class - "Beach Baby" (1974). Mais um dos diversos "supergrupos" criados à volta de um tema previamente composto e gravado em estúdio, a que era necessário, à posteriori, constituir uma "banda oficial". Os elementos integrantes desta banda, não eram sempre os mesmos, um bocado à maneira do que acontecera com os Flower Pot Men e os The White Plains. Por ele passaram, em ocasiões diferentes, "voluntários" como Tony Burrows e, também com baixista, Robin Shaw (Robin Scrimshaw). Os seus compositores eram John Carter (John Shakespeare) e a sua esposa Gillian Shakespeare.
Por seu turno, Neil Landon havia embarcado na breve aventura dos “Fat Mattress”, ao lado de, entre outros, Noel Redding, que antes fora baixista (e raramente vocalista) no grupo "Jimi Hendrix Experience", onde liderava o lendário e genial guitarrista Jimi Hendrix. Este novo grupo lançaria apenas dois álbuns e Noel Redding, ironicamente, acabaria por abandonar os "Fat Mattress" durante as gravações do segundo álbum, onde o grupo viria a integrar novos elementos e Neil Landon passaria a assumir uma breve liderança. Após o fraco êxito do seu segundo álbum, o grupo propriamente dito, dissolver-se-ia durante as gravações de um depois cancelado terceiro álbum. A partir de 1974, Neil Landon passaria a residir na Alemanha, mais concretamente em Hamburgo, onde faleceria vítima de cancro em 2020. Noel Redding envolver-se-ia em diversos projetos musicais, tendo-se, de tempos a tempos, afastado do mundo artístico com o qual estava francamente desiludido. Teve um final de vida não muito feliz, envelheceria prematuramente e a sua saúde deteriorar-se-ia muito rapidamente. Foi encontrado morto em sua casa, vítima de causas naturais, em 2003.
Fat Mattress - "Magic Forest" (1969). Versão ao vivo, a encerrar uma atuação do grupo num espetáculo televisivo. Como acontecia muitas vezes nos temas finais, o grupo toca com especial vigor e empenho. Destaque para Eric Dillon, com 19 anos, exímio na bateria e Noel Redding a executar um dos seus melhores solos de guitarra. Jim Leverton, no baixo e principal autor da canção e Neil Landon fazem as vozes principais.
Formação original deste grupo.Da esquerda para a direita:Jim Leverton (1946), Noel Redding (1945-2003)Neil Landon (1941-2020)e Eric Dillon (1950).
Jimi Hendrix Experience - "Purple Haze" (1967). Jimi Hendrix, acompanhado de Noel Redding (baixo) e Mitch Mitchel (bateria).
Robert Plant e Jimmy Page do grupo "Led Zeppelin", numa entrevistafeita logo a seguir à divulgação da notícia da morte inesperada de Jimi Hendrix, em 1970. Percebem-se o seu espanto e a sua incredulidade em face de tal notícia...
Quase duas décadas depois, em 1992, junto com o baterista Mitch Mitchel (1946-2008), seu colega no grupo "Jimi Hendrix Experience", Noel Redding partilhou o galardão de entrada deste grupo no "Rock and Roll of Fame", numa cerimónia que se transformaria numa muito comovente homenagem a Jimi Hendrix, que faria 50 anos(1942-1970) e cujo pai, ainda vivo, também esteve presente.
- E agora, como tema-bónus, a canção com que encerram a generalidade das coletâneas dos Flower Pot Men:
The Flower Pot Men - "The Children Of Tomorrow" (1969-1970). Tema composto por John Carter (1940)e pelo ex-atleta, segurança (?), cantor e compositor ocasional Russ Alquist (1935- 2017). Mais uma vez, este último não se saiu mal!... (Lembram-se do tema "Sequin Sally"?).
John Carter (Ivy League, Flower Pot Men, First Class, etc.) (1940).
Russ Alquist (1935 - 2017).
(VER no YOUTUBE, no vídeo "PAST IMPERFECT" a versão completa de "Children Of Tomorrow", porque nesta que eu consegui aqui trazer, "eles" (uns safados!!!) apagaram os SEGUNDOS FINAIS, onde nos espera uma SURPRESA!!!...).