A "Bastilha", por volta de 1935. |
Um dos acontecimentos mais marcantes da história de Coimbra e da sua Academia é a “Tomada da Bastilha”. É ainda hoje festejado pelos estudantes, todos os anos, a 25 de Novembro. Foi na madrugada deste preciso dia, no já distante ano de 1920, que, pela primeira vez desde havia mais de três décadas, os estudantes de Coimbra conquistariam para a sua Associação Académica uma sede digna desse nome.
Depois de ter sido forçada a abandonar o edifício do antigo Colégio Real, vulgo Teatro Académico, demolido em 1889, a sede da Associação Académica esteve instalada em diversos locais, entre estes o Colégio da Trindade, nem sempre nas melhores condições.
Em 1913, a sede da A.A.C. acabou por se fixar no andar térreo de um grande edifício localizado na Rua Larga, por decisão do Senado Universitário. No andar nobre deste edifício, incluindo a mansarda, estava instalado o Instituto de Coimbra, vulgarmente designado por “Clube dos Lentes”. Durante anos, os estudantes viram-se confrontados com instalações acanhadas e com fracas condições de higiene e comodidade, para além das relações nem sempre pacíficas com os vizinhos de cima.
Por fim, na madrugada do dia 25 de Novembro de 1920, um grupo de estudantes decide tomar de assalto as instalações do referido instituto. A partir de então, todo o edifício ficou destinado para a Associação Académica de Coimbra, e passou a ser designado por “Bastilha”, em memória daquela demonstração de ousadia e arrojo por parte da Academia.
Originalmente, este edifício fora construído para albergar o Colégio de São Paulo, o Eremita, fundado em 1779, também designado por Colégio dos Paulistas. Tinha um portal nobre encimado por uma igualmente majestosa varanda e a particularidade da sua construção nunca ter sido definitivamente concluída, por não ter sido edificada a parte a nascente, daí a sua entrada aparecer à esquerda. Mesmo assim, tinha frente para três ruas diferentes, a Rua Larga, onde estava a sua entrada principal, a Rua do Borralho e a Rua do Guedes, onde ficavam as traseiras.
Com a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, este edifício foi entregue à Universidade. Foi destinado a diversas funções ao longo dos mais de cem anos que se seguiriam, tendo nos seus últimos anos de existência albergado, como já foi referido atrás, a sede da A.A.C..
Por fim, em Agosto de 1949, a Academia é obrigada a deixar definitivamente a sua velha sede da Rua Larga, devido às implacáveis demolições para a “Cidade Universitária” que, então, já haviam destruído muito da Velha Alta. O fim deste antigo Colégio dos Paulistas já havia sido anunciado pelo Reitor em Março de 1948. Logo antes de se iniciar a sua demolição, que decorreria de Setembro a Dezembro de 1949, os estudantes fizeram uma récita de despedida à sua “Bastilha”.
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