domingo, julho 27, 2008

Parentes confundíveis

Para todos aqueles que possuem um conhecimento muito básico no que respeita a instrumentos musicais, é fácil julgar que se está a ouvir um determinado instrumento bastante conhecido, quando afinal não é o que acontece. Onde isto mais ocorre, é no campo dos instrumentos de sopro. Estes, por sua vez, subdividem-se em madeiras (em Inglês diz-se “woodwinds”, que é muito mais preciso) e metais. Um dos mais conhecidos e sobejamente utilizado como solista é o trompete, cuja utilização atravessa quase todos os principais géneros conhecidos, desde a música clássica até ao rock mais pesado, passando pelas marchas e pelo jazz. Acontece que, por mais do que uma vez, o comum dos mortais julgou estar a ouvir um trompete, ou um conjunto do trompetes, com ou sem acompanhamento musical, quando, na verdade se tratava de algo completamente diferente. O instrumento cujo som pode mais facilmente levar a confusões com o trompete é designado pelo nome de “flugelhorn” ou pelo aportuguesado “fliscorne”. Já houve alguns casos em que se designou, simplesmente por “flugel”.

Quando observado de perto, este instrumento difere bastante do mais conhecido trompete. O seu tubo metálico possui volta maior, um bocado à maneira da corneta ou clarim, o bocal é cónico, mas, o seu elemento fundamental é a sua campânula que é mais mais larga, permitindo-lhe produzir o seu som característico. Este som parece situar-se entre o de um trompete e o de uma trompa.

Em comparação com o trompete, o "flugelhorn" produz um som mais suave, largo, velado e distante. Faz lembrar um trompete “menos estridente e menos metálico”. É o ideal para composições mais intimistas e reflexivas. Menos incisivo do que o trompete, parece mais talhado para as baladas. Em termos gerais, o “fliscorne” tem sido menos utilizado em orquestras do que muitos dos seus “parentes” mais conhecidos, como o trompete, a trompa e o trombone. Mesmo assim, têm existido diversas composições orquestrais (clássicas) onde este instrumento assume um papel fundamental, nomeadamente no final do século XIX e princípios do século XX. Apesar de tudo, ao longo do século XX, o “flugel” tem sido cada vez mais utilizado em géneros musicais diversos, sem ser o Clássico, como o jazz e a música pop. Nos anos 60, este instrumento surgiu em diversos temas inseridos num género musical vulgarmente conhecido como “Easy-Listening”. Encontram-se vários exemplos deste estilo, em diversas composições de Burt Bacharach, tal como “Raindrops Keep Falling On My Head”, que foi interpretado por B. J. Thomas, e atingiu o topo da tabela de vendas, bem no final dessa década. De referir ainda que este tema faz parte da banda sonora do filme "Dois homens e um destino", estreado nesse mesmo ano (1969).




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